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Formigueiro no pomar de frutíferas da Unesp, campus de Jaboticabal - SP. |
Na semana passada me veio duas
questões aos mesmo tempo sobre as danadas formigas. Uma pelo Lamarca –
estudante de agronomia, que me perguntou: “o que fazer quando temos muitas
formigas na área?” e outra pela Hindy, amiga e prima, dizendo que estava com
problemas com as formigas em sua varanda e que, segundo ela, questionou a
presença das pequenas por causa de ter iniciado o cultivo de uma
horta com pimenta, salsa, hortelã, alface, tudo em vasos pequenos.
Interessante isso. Um caso de
formigas cortadeiras e outro de formigas doceiras. Inté então, eu estava lendo
um pequeno livro escrito por Angela Aurvalle, Maria José Guazzelli e Sebastião
Pinheiro, AGROPECUÁRIA SEM VENENO.
Nesta semana cheguei a parte em
que Maria Guazzelli fala sobre o “Controle de pragas e moléstias em hortas e
pomares” p. 50. Cita sobre as Formigas e dicas de controle ecológico, cuja
parte que fala sobre as formigas reproduzo aqui neste post, mais a baixo.
Vamos na missão em divulgar os controles
e formas alternativas de conviver com os animais, sempre respeitando a unidade
biológica como um todo: solo – planta – animal – homem. Nunca partir para o extermínio
e sim aprender com a vida, criar alternativas; ter observação e paciência é necessário.
Lembrando que, se um grupo de ET’s nos olham do espaço, somos iguais as formigas, talvez pior.
Em agosto de 2011, recebemos a
capacitação do sistema PAIS – produção agroecológica, integrada e sustentável – cuja propriedade escolhida, após iniciarmos os trabalhos de perfuração,
descobrimos que estávamos em cima de um formigueiro. Logo começou a aparecer
imensas saúvas. Se levantássemos os canteiros de hortaliças ali, provavelmente
seria um banquete a elas no futuro. O solo também, dava condições ideais.
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Área escolhida para implantação do PAIS, na propriedade do Sr. Erli e Dona Eva, Vazante - MG. |
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Notem a cor da terra ao perfurar. |
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Eu, Rafael e Rogério ao fundo. Equipe premium... |
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Após a implantação, como ficou. |
Era solstício de inverno e as formigas já estavam entocadas. A solução foi plantar em área
total*, leguminosas. A família produtora optou pelo plantio de feijão. O
interessante foi que o abandono da área, por falta de manejo, fez com que o mato
tomasse conta, acrescido mais ainda pela irrigação. Foi perfeito, pois aumentou a matéria orgânica em superfície, proporcionou o aumento de raízes e sua contribuição física, biológica e química no circulo de plantio. A posterior, com o manejo de corte e replantio de hortaliças, no tempo e espaço de acordo com a ação do produtor na área, que dividia as atividades também com o leite, na sequencia, as formigas devem ter se mudado.
As raízes permitem a entrada de água e oxigênio em profundidade, alterando a entropia interna e as condições do próprio alimento estocado pelas formigas. A cobertura vegetal garantiu menores variações da temperatura do solo, dando condições positivas, também, para o crescimento de novos microrganismos, devendo ou não ser competidores. Deveras se por aí...
Na sequencia, fotos do sistema evoluindo até a produção de alimentos totalmente saudáveis.
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Primeiro plantio. |
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Segundo plantio, feijão em área total dos canteiros e milho ao redor. |
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Segundo plantio, feijão em área total. Visita do Instituto Votorantim, com Fábio Ferraz (urbeOmnis). |
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Área manejada após deixar o mato crescer junto com o feijão plantado em área total. |
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Terceiro plantio de hortaliças na área após a saída do feijão e manejo do mato usado em cobertura dos canteiros. |
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Notem que os canteiros estão cobertos com matéria vegetal. |
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Nos corredores, nos caminhos entre os canteiros, foi posto folhas de manga muito abundante no quintal ao lado. |
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Tomates orgânicos. |
"FORMIGAS (Família Formicidae)
São de dois tipos diferentes:
cortadeiras e doceiras.
As cortadeiras são as saúvas
(gênero Atta) e as quenquéns (gênero Acromyrmex), cuja a
presença é característica de solo ressequido e sem fertilidade.
As doceiras ou açucareiras podem
causar danos diretos, sugando a seiva que exuda das feridas provocadas por
elas. Outras causam danos indiretos, pela simbiose com pulgões, cigarrinhas e
cochonilhas, alimenta-se do líquido açucarado secretado por estes insetos. As
popularmente conhecidas por lava-pés constroem seu ninho na base de troncos,
principalmente de citros, danificando a casca e deixando os tecidos descobertos
e suscetíveis à gomose. Também inutilizam mudas em viveiros.
Atacam: hortigranjeiros,
frutíferas, gramíneas, pastagens e alguns produtos armazenados (principalmente
os açucarados).
São controladas naturalmente por
formigas carnívoras, mosquinhas parasitas, e diverso animais de maior porte,
como galinhas, rãs e sapos.
Sugestões de controle:
- se o formigueiro estiver fora
da área a ser protegida, há diversos meios para repelir estes insetos:
barreira, com farinha de osso, casca de ovo moída ou carvão vegetal moído. Em
linha contínua, com pequena quantidade: “pintar” no chão ou troncos, uma
barreira em faixa, com suco de pimenta vermelha forte, ou diluída em pequena
quantidade de água; colocar cinta de material pegajoso.
- se o formigueiro estiver dentro
da área a ser protegida: colocar cal virgem a boca do formigueiro e derramar
água; colocar farinha de mandioca crua, ao lado do carreiro; derramar água
fervendo; cultivar gergelim próximo ao formigueiro; em caules grossos ou
troncos, fazer um anel de lã de ovelha e colocar, por cima, uma saia protetora de
plástico.
- para proteger colmeias: colocar
os pés dos suportes das colmeias dentro de latas ou cochos de alvenaria, cheios
de água e óleo queimado; fazer funis invertidos, de zinco ou de lata, com a
parte interna untada de graxa."
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doceiras (2 - 10 mm) |
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cortadeiras (7 mm) |
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Quando falamos em plantar em área
total* é seguir este exemplo de fotos. Nesta área, em um sítio de Botucatu, SP, plantou-se uma muvuca (várias sementes) de leguminosas e gramíneas um poucos antes de se inserir o plantio de café, guanandi e outras espécies arbóreas em cima de uma vegetação rasteira de capim. O proprietário iniciava o plantio de um sistema agroflorestal - SAF.