Texto revisado em 08.11.2016 - Oliver H. Naves Blanco
Publicado em 08.02.2012
Recentemente em Vazante, noroeste de Minas Gerais, testamos um 'herbicida natural' feito com a fermentação do REPOLHO,
Brassica oleraceae (resultados nas foto 1, 2 e 3). Não sou muito a favor da aplicação técnica ou ações deste tipo na agricultura. No entanto, temos uma cultura (domesticada nos interesses da Revolução Verde)
'veneneira' tão desgraçadamente invadida nos anos 30 que desde o mais pobre agricultor ao mais rico 'fazendeiro', quando o causo é mato, se fala em aplicar o Herbicida, principalmente o
Roundup da empresa Monsanto, o "mata-mata" ou "mata-mato".
Na onda agroecológica se falam muito em transição. Transição da agricultura convencional para a agricultura orgânica, ecológica e outros termos. Uma diminuição do uso de agrotóxicos e adubos químicos solúveis gradativamente até cessar totalmente seu uso e, a posterior, redesenho do manejo agrícola e florestal na propriedade. Neste caso, o "herbicida natural" teria uma estratégia importante dentro da agroecologia, tanto para tirar a cultura 'veneneira' imposta, como também, combater a causa ao invés de mitigar os efeitos e suas transições (MIP do S.Gravena, por exemplo).
Transição, pois somos a periferia científica, e muitos sabem, mas fazer são outras mão na massa. E também, o termo transição é uma palavra muito solta nos livros de agroecologia vinda da América do Norte deveras a mando do Banco Mundial, OMC. Mas as 'la cucarachasnão' mal sabiam que os Agrotóxicos são inconciliáveis com o ambiente da Agroecologia (um movimento de construção do conhecimento, em qualquer local onde se inicia). Não existe o equilíbrio e sim a harmonia nas teias de intercomunicações de troca constante de energias.
No meu ver, o mato surge para ocupar um espaço no solo que foi erroneamente manejado - gradagem, subsolagem, e arações ano a ano, e aplicações químicas, etc. - em solos tropicais como os do Brasil (de zona tórrida), e também, devido a um arcaísmo e domesticação técnica. São as plantas
adventícias, espontâneas ou nativas (
aqui, a Máfia dos Agrotóxicos, junto aos muitos departamentos de fitossanidade das universidades agrárias, às chamam de 'plantas daninhas', por isso Matá-las = lucro, ao invés de avançar a fitosociologia e usos alimentício, etc), da flora nativa que protege a carne nua e exposta ao sol e às chuvas fortes, amortecendo-as; traz grande diversidade de raízes que dão vida ao subsolo e disponibiliza, cicla nutrientes para as camadas mais superficiais, quiçá não alcançados pelas plantas de interesse produtivo. Assim,
deixar crescer o mato (até a expressão máxima de sua energia mineral FLOR), estudá-lo (pode ser uma PANC - plantas alimentícias não-convencional) e depois cortá-lo é o manejo mais certo a ser aplicado em solos tropicais.
Podemos neste tipo de ação física e biológica, enriquecer o mato e o solo, a posterior, plantando uma muvuca de sementes contendo uma diversidade de espécies leguminosas e gramíneas. A chamada
Adubação Verde. O benefício são em ganhos microbiológicos, controle das 'invasoras', aeração natural através da diversidade de raízes e ganhos minerais - adubação nitrogenada, potássica, e fosfórica, etc, como vem sido chamada, através de plantas, acúmulo de bomassa que favorece a biocenose. Enriquecer o mato anteriormente ao corte, com pulverizações de biofertilizantes, Fosfito ou mesmo uma solução de 1.000 litros de água + 20 litros de melaço e um quilo de fermento de pão (dar volume na biomassa), também é um avanço.
Não aconselho o uso do herbicida pelo fato da rápida secagem (a solução xenobiótica dissolve a proteção da planta, cerosidade; é como se arrancasse a pele da coitada e deixasse exposta ao sol, morre por desidratação, impedindo a fosforilação oxidativa), pode-se então, haver perdas de nutrientes e quebra de uma cadeia alimentar importante no solo, a biocenose, pois na sua síntese, a matéria orgânica junto aos minerais são unidos pela microbiologia. Os nutrientes presentes no mato roçado ou ou pela adubação verde irão alimentar bilhões de micro vidas no solo para depois ser utilizado pelas plantas que desejamos. Nossa interferência na teia alimentar deve ser mínima, porém, eficiente. A tecnologia existe, mas com qual conhecimento iremos utilizá-la é o x da questão.
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Receita do herbicida 'natural':
Do repolho fermentado (ver fabricação do
Chucrute) o produto obtido é o ácido lático e acético (vinagre), por isso funciona com um 'herbicida'...
- Cortar em pedaços
3 kg de Repolho e deixar de molho em
10 litros de água. Repousar em um local sombreado, ventilado e tampar o recipiente por 21 dias. Mexer um pouco às vezes.
- Diluir 1 litro da solução coada em 10 litros de água e pulverizar. Para se fazer a dessecação do feijão, soja, etc, por exemplo, para facilitar a colheita, misturar 1 kg de sal. O sal também pode ser misturar para a aplicação sobre o mato, intensificando a ação da secagem. Somente o Repolho já dá um bom resultado, vide fotos.
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Outras plantas foram estudadas e possui efeito herbicida natural: feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), batatas, folhas de goiabeiras. No caso do feijão-de-porco somente o teu plantio e depois o corte, já inibe o crescimento de outras plantas.
Deixem o MATO crescer e depois cortem, simples assim. O MATO não MATA, mas aumenta a entropia!
Abraços
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Foto 1. Local de aplicação do herbicida 'natural' a base de Repolho. |
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Foto 2. Ação do herbicida 'natural' de repolho em folhas largas e finas. |
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Foto 3. Comparação de uma área em que foi aplicado o herbicida 'natural' e outro não. |
Lembrem-se: Biocidas - os Agrotóxicos, mata a vida no planeta. Mata!
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MATA! |