"

"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Entrevista: Carlos Armenio Khatounian

O campo revelado

Seja na escala planetária, seja naquela da nossa vida cotidiana, velhos hábitos são difíceis de contestar. Depois de estabelecido, um modus operandi pode se transformar numa espécie de transe, em que qualquer variação da norma se assemelha a uma excentricidade. E é a nos acordar desse transe, quando a o assunto é a sustentabilidade no campo, que se dedica o professor da Esalq-USP, Carlos Armenio Khatounian.

Um dos maiores nomes da agroecologia no Brasil, Khatounian contesta a ideia de que só a agricultura empresarial é eficiente e bem-sucedida. Lembra que as propriedades menores e de trabalho familiar ainda são predominantes no mundo, com grande capacidade de adaptação aos soluços da economia e ao aproveitamento racional dos recursos naturais.
Mais que espaço e oportunidade, há necessidade de uma agricultura de base ecológica, especialmente em tempos de superpopulação, em que a segurança alimentar ascende ao topo dos problemas globais. No entanto, diz o professor, nenhuma inovação no âmbito das lavouras dará conta do recado se a humanidade não reformular, urgentemente, os padrões de sua própria dieta.

por Carolina Derivi


 


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uso de agrotóxicos no Brasil está fora de controle

País consome cerca de 789 mil toneladas de agrotóxicos por ano.


17 de Novembro de 2011 por Débora Ferreira

O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo. Dados da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - mostram que anualmente são produzidos no Brasil 613 toneladas de agrotóxicos. Com relação ao consumo, esse número chega a 789 mil toneladas por ano.

Para a coordenadora do Grupo de Estudos em Saúde do Trabalhador Rural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eliane Nonato Silva, os efeitos mais danosos do uso de insumos químicos recaem sobre os pequenos produtores. Segundo a professora, os efeitos na saúde dos trabalhadores são basicamente de dois tipos: os agudos, que são identificados mais rapidamente e que são ocasionados pela exposição do produto em grandes doses de agrotóxicos; e os crônicos, que são resultado da exposição de pequenas quantidades desses insumos químicos ao longo de vários anos e que, portanto, são mais difíceis de serem detectados.

O assessor da Diretoria do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Pedro Harting, afirmou que as multinacionais produtoras dos agrotóxicos não têm interesse em investir em estudos e pesquisas sobre os impactos do uso desses produtos para a saúde humana.

O coordenador estadual de Meio Ambiente Agroecológico da Emater, Marco Aurélio Borba Moreira, defendeu o incentivo à produção agroecológica.
Segundo ele, já existem casos em que a produção de alimentos orgânicos chegou aos mesmos patamares de produção das lavouras tradicionais. “Já temos condições de produzir alimentos mais saudáveis e compatíveis com os níveis de produção tradicional”, comentou. Ao falar sobre o uso abusivo de produtos químicos utilizados atualmente, Moreira considerou como preocupante o fato de o consumo médio de agrotóxicos por habitante no País chegar a cinco quilos por ano.

O relator da Subcomissão Especial sobre o uso de agrotóxicos a suas consequências à saúde, deputado federal Padre João (PT), fez uma explanação sobre o trabalho que está sendo desenvolvido no âmbito da subcomissão, criada pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. O trabalho da subcomissão vai resultar em um relatório que poderá subsidiar projetos de lei sobre o assunto.

Segundo Padre João, uma pesquisa feita pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, da Anvisa, detectou que, de um total de 3.130 amostras analisadas, 29% apresentaram resultados insatisfatórios quanto à porcentagem de agrotóxicos presentes. Entre as culturas mais afetadas estão as de batata e tomate.


Colaboração:  Rogério Borges de O. Paz
                        Técnico Agrícola -Projeto PAIS/Vazante-MG


domingo, 13 de novembro de 2011

Camponeses e Impérios alimentares, Van der Ploeg

Mutirão PAIS, implantação da tecnologia na propriedade do Sr. Astidônio e Ana, Vazante/MG. nov 2011



O inimigo mais temeroso que ameaça
a independência do pequeno proprietário
não é o grande proprietário fundiário, seu vizinho,
é o industrial ou o negociante que domina o mercado
sobre o qual os agricultores devem escoar seus produtos.
O capitalismo é comerciante antes de ser produtor.
Marc Bloch
 
Neste domingo (13/11) de manhã assisti pela TVE um programa Rural do Rio Grande do Sul. Consegui pegar uma pequena parte da entrevista com o Agrônomo Van der Ploeg que dizia: “que existe um mesmo desafio mundial, Europa, Ásia e América Latina, de fortalecimento da agricultura familiar através da sustentabilidade e que para isso necessitamos de uma extensão comunicação rural voltada a mulheres e jovens no campo.” Ploeg também citou o papel dos extensionistas comunicadores técnicos/científicos como fundamental para a preservação cultural e da natureza, como também configurar as relações econômicas locais. Extensionistas Comunicadores diferenciados e dedicados, alinhados com os novos desafios mundiais, mundialização holística, em que a agricultura camponesa necessita de recampesinização. Conscientizar-se de sua importância dentro de uma complexa sociedade urbanizada.

Catedrático em sociologia rural pela universidade holandesa de Wageningen, Jan Douwe Van der Ploeg, abordou nesta sexta-feira (11/11), no escritório central da Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre, em debate “A Agricultura Familiar e o papel do Estado no Desenvolvimento Rural: cenário e perspectivas de futuro”.   

Van der Ploeg é autor do livro Camponeses e Impérios Alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. O engenheiro agrônomo é especialista na sociologia dos países em desenvolvimento, métodos e técnicas de investigação social, e reforçou seu conhecimento ao viver em países como Peru, Colômbia e Guiné Bissau, África.

Artigo: http://www.geografia.fflch.usp.br/revistaagraria/revistas/9/5paulino.pdf 
P.S. não se consegue acessar este artigo mais, ver AQUI

Traduzido pela Rita Pereira, Porto Alegre, UFRGS e sintetizado pela Eliane Tomiasi Paulino e publicado na AGRÁRIA, São Paulo, n 9, pp. 85-95, 2008.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Notas a Imprensa: P.A.I.S. Fortaleza de Minas - MG


Novos valores são buscados na integração de famílias produtoras rurais do município de Fortaleza de Minas com a implantação do Projeto PAIS – produção agroecológica integrada e sustentável. Valores auto-afirmativos (expansão, competição, quantidade e dominação) serão trocados, respectivamente, por integrativos (conservação, cooperação, qualidade e parceria).

          Descobrir a importância de produzir alimentos saudáveis e com vida pela comunidade agrária organizada e, ao mesmo tempo, informar a sociedade, fazer com que ela descubra esses valores, fortalece a agricultura familiar interconectada com as famílias urbanizadas. Colocar uma nova maneira de pensar a produção de alimentos, integrada em redes de "organismos, partes de organismos e comunidades de organismos" colocamos também uma nova maneira de questionar a natureza ao nosso redor.

O PAIS propicia a um grupo de produtores a se auto-certificarem como "orgânicos" dentro de padrões técnicos justos, filosóficos e culturais, refletindo ao consumidor a consciência de que a alimentação saudável é coisa séria e todos devem ter acesso, desde que comecem a observar o mundão de solos ao seu redor e a questionar o modelo econômico dominante de ocupação. Lester Brown nos define sustentável: "Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das gerações futuras."  

Cada família rural contemplada com a tecnologia social PAIS é uma pequena parte do todo.  A soma das pequenas partes sintetiza novas relações comerciais das comunidades com a preservação do meio ambiente, sem degradá-lo para as futuras gerações. Um circuito econômico inferior é gerado no campo com a produção de frutas, hortaliças, plantas medicinais, ovos e carne de galinhas caipiras, numa área de 0,5 ha/família. A escala dos produtos gerados, processados ou não, surge com a união das 20 famílias; a área produtiva então passa a ser de 10 ha.  O todo aqui é maior que a soma das pequenas partes.

O PAIS gera um excelente resultado quando a família agricultora acredita nas mudanças trazidas pelos técnicos e na organização de suas práticas agrícolas manejadas em conjunto com a natureza. A tecnologia integrada, quando implantada e diversificada, é acrescida por técnicas resgatadas culturalmente, guardadas ainda por muitos produtores rurais, preservadas por nossos avós. O modelo tecnológico implantado não exclui o pequeno produtor, o provoca a recriar, a empreender e a se associar. O foco é a Agroecologia, a produção sem a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos. 

          Em Fortaleza de Minas, após implantado o primeiro PAIS na propriedade de Gerson de Almeida e Minervina, que juntos tocam o “Pesqueiro do Tisgo”, obtivemos os primeiros resultados no município, refletindo na principal cidade da região, Passos. Quarenta dias após o plantio de alface lisa, alface crespa e chicória, num total de 2.000 pés, o produtor começou sua colheita e comercialização. Os primeiros 600 pés foram entregues no comércio de Passos e vendidos a R$ 0,50 cada, onde o produtor mantinha um pequeno mercado. O projeto PAIS do Gerson possui uma produção diversificada: beterrabas, rúculas, cenouras, tomates e pepinos já foram plantados e, após a colheita do alface e chicória, novas culturas serão semeadas, garantindo uma renda que pode ser distribuída em um período de 4 meses, entre R$ 4.000,00 e R$ 5.000,00.

          Novos PAIS serão implantados. Após o término da entrega dos kits PAIS, produtores do bairro Areias estão executando seus projetos com a realização de mutirões. Através deles a tecnologia é implantada em um dia de trabalho, quase toda a estrutura é acabada, faltando um retoque no telhado do galinheiro central. Atualmente, das vinte famílias contempladas com o projeto, sete podem iniciar o plantio no mês de novembro, quatro aguardam a visita técnica para introduzir a irrigação por gotejo, quatro esperam a chegada do mutirão e as outras 4 famílias já começaram seus trabalhos, conciliando o manejo da produção de leite com a introdução do PAIS. O final da implantação do projeto para as 19 famílias de Fortaleza de Minas está previsto para o mês de novembro. O grupo de produtores receberá acompanhamento técnico até outubro de 2012.

Oliver Blanco
Coordenador do Projeto PAIS - Vazante e Fortaleza de Minas/MG
oliver.blanco@gaiasocial.org.br

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