03 de março
Por Sebastião Pinheiro
Há
mais uma guerra lá fora e não está longe por razões ecológicas (fenológicas)
que Você, com boas habilidades de leitura e interpretação, pode encontrar em
"Apoio Mútuo, Fator de Evolução" de Kropotkin, mas recomendo a leitura
de "Origens das Espécies" primeiro, de C. Darwin para ter a noção de
habitat no tempo-espaço, uma vez que são necessárias condições fenológicas para
compreender a ecologia, sem consumi-la, como determinam os mercenários ao
serviço da ideologia do poder hegemônico.
Aquela guerra não é a única, mas os interesses
hegemônicos a priorizam alterando psicanaliticamente as sociedades do planeta,
da mesma forma que a erupção de um vulcão ou tremor e Tsunami.
Na Índia, no Japão e na China, as datas da floração da
cerejeira e da flor do pessegueiro, respectivamente, estão associadas as
festividades e remontam ao século VIII da nossa era e isso permite estudar as
variações nas condições climáticas, da mesma forma que as anéis em árvores milenares
e camadas de gelo na Antártida e sedimentos em geologia.
Na Borgonha existem registros das datas de colheita da
uva pinot noir desde 1370, o que possibilita conhecer a variação das
temperaturas na primavera-verão. Mas isso são valores recentes, pois a
agricultura tem mais de dez mil anos e o principal sempre foi e será observar
seu ambiente (que não existe na natureza) e a diferença com o habitat natural,
ecossistema ou Bioma.
Peço sua permissão para fazer uma homenagem, que é
mais do que um parêntese: Estamos agora em abril comemorando 60 anos de um
livro que revolucionou o mundo, mas foi sufocado da mesma forma que o de
Kropotkin citado acima. “Primavera Silenciosa”, de R. Carson, só
poderia ser entendido com uma leitura política, não religiosa do Êxodo, para
compreender as dez pestes de Moisés para conseguir a Liberdade da escravidão no
Egito... Carson trabalhou com fenologia em uma área de Refúgio de Aves criado
em Patuxent pelo Serviço Geológico dos EE.UU. no início do século XX (1917)
para estudar a fenologia das aves.
Sou
um velho quase decrépito que alguns jovens me chamam carinhosamente, Tata. Pois
o trabalho fenológico de R. Carson sobre o impacto dos inseticidas
organoclorados ciclodieno já em 1943 foi tão catastrófico que ela levou ao
editor da Reader's Digest, mas ele se recusou a publicar as informações. Apenas
20 anos depois ficamos sabendo do livro acima, quando ela já estava condenada à
morte por câncer causado pelo inseticida, que só foi proibido no Brasil na
virada do século XXI.
No
que resultou combater o poder militar dos agrotóxicos, fazer leis, se o governo
vier a público e dizer que os venenos são necessários. Na televisão Band(China)
todos os dias vejo o mesmo pensamento do “Editor do Digest”. O câncer é
um negócio, como todas as guerras. Não fecho os parênteses, porque hoje
no mundo a matriz tecnológica das grandes empresas não é mais a química de
síntese, que está no mercado há mais de 40 anos.
Hoje a hegemonia é a biotecnologia, que na agricultura
necessita de microrganismos, porém, a política pública oficial do Estado e do
Governo é eliminar a legislação e voltar ao passado buscando liberar venenos
obsoletos mais rapidamente.
Conhecemos menos venenos no país que em 1970, tal é o
revés organizado pelo complexo industrial militar que impede informações e
lucros de sindemias, 88% das chuvas do mundo estão contaminadas pelo herbicida
Glyphosate®.
Pois
bem, a palavra mágica agora é: “bioinsumos”, repetidos em todos os lugares e
por todos como algo novo. É estranho, antes de dizermos que para entender
Kropotkin era preciso ler Darwin, e para entender Carson era preciso ler Êxodos,
não como um pastor “Pare de $ofrer”.
O que é um "bioinsumo" é a
publicidade da aceitação inconsciente do novo (produto da biotecnologia) que
substituirá o veneno. É um neologismo.
Um
camponês não é um agricultor, um agricultor precisa de insumos e os procura no
mercado por comodidade e alienação. Mas há entidades e organizações que ensinam
a fazer "bioinsumos". Sim, é verdade, essa é uma forma de propaganda
subliminar para facilitar a mudança e implementação dos produtos industriais
quando o poder desejar, pois a legislação impedirá seu elaboração, uso etc. Não
é assim com as sementes camponesas? Porque seria diferente com as sementes de microrganismos.
Cuidado, não fomos competentes para observar a
involução na “saúde do solo” (desculpe, mas estás no Êxodo) devido à involução
na Sucessão Vegetal.
Quando
os/as camponeses/as, usam individual ou coletivamente microrganismos
elaborados, é muito diferente dos produtos industriais da biotecnologia. Na
população de microrganismos no produto industrial, toda a população é clone de
um mesmo indivíduo, enquanto na população de camponeses/as elaborados, os
indivíduos e sua biodiversidade são infinitos. Seu efeito é abrangente como um
“recurso” e não como um insumo que precisa ser reposto a cada ano e cada vez
mais.
O
termo “recurso” tem um componente patrimonial, pois seu efeito é
fenologicamente integral sobre a matéria orgânica (ultrassocial), que é
diferente da matéria orgânica no bioma, porém, o impacto do produto industrial
é mais desastroso no bioma do que o produto campesino, o mesmo que na química
sintética na matriz anterior.
Me
perdoe amigos, os camponeses/as venceram a "guerra" contra os venenos
químicos, com biofertilizantes, farinha de rochas e água de vidro e sementes
camponesas, microrganismos e todos os recursos patrimoniais do Biopoder
Camponês, mais além dos insumos.
No
local onde havia o Refúgio das Aves e Vida Selvage em Patuxent, Maryland foi transformada
no Quartel Militar do Fort Meade em 1991.
Continuação,
- Na primeira parte Você pode ter ficado atônito,
porém, esse objetivo é restaurar o valor da leitura, pois leitura é formação,
cultura, dignidade e não consumo. Vejam que muitos de nós lemos a televisão, a rádio,
os jornais e redes sociais como forma de consumo sem estudar culturalmente a
leitura e perdemos lentamente nossa capacidade de reflexão conceitual, sem
saber quem a influência ou induz. Violência, brutalidade, guerra, degradação
humana, mesmo ao nível da depravação, são inadvertidamente consumidos, não só o
social ou quotidiano, mas também a tecnologia (Bioinsumos).
Então, a fenologia é um instrumento científico para demonstrar
isso, como vetor resultante da energia do “apoio mútuo” entre os ciclos
bióticos e abióticos na evolução do ecossistema, bioma ou natureza. Vamos a um
exemplo clássico ensinado por Gorshkov e Makarieva em Regulação Biótica do
Clima: - Diariamente excretamos uma quantidade de energia inoculada com uma
grande diversidade de microrganismos estratégicos para recolonizar o planeta
como resultado energético pessoal de nossa alimentação, saúde, cultura e
sociedade , em resposta ergonômica à Evolução. Um grupo de mamutes come
teozintle, e em seus excrementos, espalham suas sementes em uma época do ano no
meio de uma quantidade de matéria orgânica digestiva e com microrganismos que
estão relacionados com sua germinação e evolução devido ao conteúdo energético,
que o tempo atrairá a si e aos humanos para aquela planta/semente alimentos
atrativos, e uma parte deles também excretadas, em um ambiente mais próximo ao
humanos, facilitando o processo de domesticação. Essas energias estão se
ajustando na fenologia e na evolução. (Tocuila, Texcoco)
A
partir do século XVIII, surgiram escritórios burocráticos em muitos países onde
foram anotadas as fases fenológicas (fenofase, sub-períodos) dos cultivos, como
vimos. Isso permitia o registro, controle, avaliação e normas e regulamentos
necessários para a agricultura. Estes serviços de fenologia exigiam dados
meteorológicos, climáticos e de solo e convencionalmente usavam certas plantas
como boas indicadoras. Isso ajudava muito os agricultores e as autoridades e o
sistema educacional de formação e científico.
Os mapas de
plantio e colheita, mapas de geadas precoces e tardias, horas de frio, luz
(foto-período) para cada tipo de semente camponesa, os distritos fenológicos ou
agrometeorológicos foram construídos em mapas com seus territórios.
Ninguém imagina qual era o nome do escritório,
departamento ou serviço que existia nos países para agrometeorologia,
fenologia, solos, clima e outros…. Pesquise os arquivos da Inglaterra, França,
Alemanha, Itália, México, Argentina e outros. Essa organização se chamava Setor
de Agroecologia, Eu tive a grande honra de ter o Eng. Agr. A J. Garbosky, como
chefe de práticas de campo do professor Hector Mangieri no curso de pós-graduação.
Durante 27 anos, organizou 2.700 agradecimentos enviados de todo o país para o
Arquivo Agroecológico Argentino. Até os anos 1970 isso era normal e ali
trabalharam Azzi, Papadakis, De Fina, Damario, gigantescos Agroecólogos.
O desenvolvimento da agricultura industrial mais tarde
trouxe um impacto crescente na fenologia, pois propunha um longo tempo de
pesquisa para a autorização de uma nova semente industrial, sem que
percebêssemos a diferença entre as duas sementes. Não havia mais estrategistas,
para ler, sem consumir, que as empresas tinham pressa, publicidade e propaganda
para seus produtos. Por isso não aceitaram nenhuma restrição e hoje são o
Estado no "agronegócios" que vemos na televisão, rádio e redes
sociais.
A
fenologia passou ao segundo plano, mas quando dizemos que agroecologia é
camponês indígena, tem tudo a ver com nossa identidade, mas ainda mais com o
caráter dos microrganismos em nossos solos, que precisam ser nativos,
silvestres e não produtos industriais selecionados e clonados, com manejo da Fenômica
industrial mais além da Genômica corporativa. Nossa metagenômica camponesa é
indígena-camponesa, porque seus microrganismos têm população e possui fenologia,
os dados registrados naquela agroecologia, desde o intestino dos mamutes,
camponeses, microrganismos e bósons negros, porque a luta segue e segue, Zapata
Vive.