Curso Saúde no Solo e Cromatografia de Pfeiffer
_Comunidade Capão do Angico –
SESC PANTANAL_
A agriCultura é a base da economia, da alimentação e da Vida. Outrora e atualmente no grande “bal Masqué” da macroeconomia, a extensão rural orientada por bancos estrangeiros induziu as comunidades rurais latinoamericana indígenas e camponesas a mudar seu modo de vida, até hábitos culturais voltados ao consumo de produtos industrializados, negligenciando a manufatura artesanal o que afetou diretamente a cultura suas escalas e organização econômica.
A comunicação e o reencontro com uma agricultura de bondade é a proposta desta memória do curso em Saúde no Solo e Cromatografia de Pfeiffer distribuídos em quatro dias intensos de formação, prática e estudos.
As oficinas de biofertilizantes e adubos orgânicos tipo “bokashi” ajudarão na nutrição e confecção de mudas, além do plantio de alimentos, e na confecção de substratos para semeadura de hortaliças; a coleta de micorrizas (fungos simbióticos de raízes) para aplicar ao solo antes do plantio de milho, feijão, mandioca etc. aumenta a saúde e a produtividade das culturas; a peletização de sementes as protegem de fungos do solo, dá mais vigor e nutrição inicial; a coleta de microrganismos da mata ao lado do viveiro, busca trazer ao ambiente agrícola e do viveiro de mudas nativas os microrganismos que fazem parte da memória biogeoquímica da comunidade de organismos que criou o Bioma Pantanal, sendo mais eficientes na reprodução artesanal e na ação nos cultivos, repovoando e colorindo o solo; as caldas quentes e frias são uma rápida nutrição paralisando o ataque de pragas e doenças nos vegetais; com o carvão vegetal podemos produzir mais alimentos saudáveis, construir maior resiliência à química de deriva externa e maior fertilidade do solo, além de regular o Clima do Planeta pois aprisiona os gases do Efeito Estufa. Também é um insumo ecológico que compõe a produção e cultura de micróbios em biofertilizantes, compostos, substratos, e o mais importante, conserva a vida no solo, beneficiando plantas, animais e humanos; a produção do mineral fosfito contribui para a nutrição rápida das plantas em fósforo e cálcio, sendo o melhor bioprotetor para se aplicar nos cultivos de hortaliças, frutíferas e mudas. Muita coisa boa, não é mesmo!!
A realização da técnica de Cromatografia junto à comunidade do Capão é a parte mais importante para um sistema em holarquias que nos ensina a reintegrar a sociedade ao meio ambiente; ela é uma análise da vida presente no solo com investigação do seu estado de Saúde, em que se vê a harmonia no metabolismo da microflora do solo e o equilíbrio na Degradação-Formação dos compostos da Matéria Orgânica Ultrassocial nos Ciclos do Carbono (C), Nitrogênio (N), Enxofre (S), e Oxigênio em forma de um holograma (uma fotografia tridimensional no tempo/espaço).
O que permite predizer as condições da Vitalidade no Solo no tempo/espaço, da cultura que cresce nele e a qualidade dos seus frutos, e da população que os consome. O mais importante é que isso seja para todos/as. Esta técnica empodera o camponês e sua organização, pois o educa para não se fascinar com tecnologias que retiram ou diminuem seu biopoder ultrassocial camponês.
A cromatografia de Pfeiffer, é de baixo custo, e analisa de imediato cada local, e se queremos, a cada centímetro de profundidade. Diagnóstica o problema e aplica correções sem a imposição de consumir insumos externos.
Toda essa vivência nos traz uma oportunidade de intercomunicar e atuar/agir nos espaços rurais para entender de que maneira nossas utopias realistas se adaptam as condições que conectam o campo a cidade, principalmente nas relações entre o Social com o Bioma Pantanal e seu Meio Ambiente. Ampliar os diálogos locais em que cada esperança crie um aprendizado e cada aprendizado uma esperança de futuro para às próximas gerações.
As oficinas e diálogos são prioridades para agricultores e agricultoras.Também é voltada aos profissionais da área agrária, biológica, química, técnicos e técnicas agrícolas, nutricionistas, psicologia e a todos/as que se identificarem com o tema.
Para nós da Organização Juquira Candiru Satyagraha, projeto Gaia (UFMT/Embrapa – Sinop/Claudia - MT) é um compromisso atender a demanda do SESC Pantanal em vir a somar o projeto “Aquarela Pantanal - Viveiros de mudas e sementes pantaneiras” do município de Poconé (MT) para recuperação de áreas degradas no Pantanal. “A iniciativa do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, a Wetlands International e a Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal) que é inédita e envolve as comunidades de Poconé e Barão de Melgaço, que irão cultivar espécies nativas para comercialização, fortalecendo a renda de famílias pantaneiras. O projeto, portanto, é realizado com os três pilares da sustentabilidade: o social, o ambiental e o econômico” – e que para nós, na prática, estes pilares de sustentabilidade engloba preocupações com a capacidade de suporte e resiliência em sistemas agrícolas ambientais, social e econômico e suas inter-relações.
Há uma demanda e interdependência destes sistema. Assim, “a sustentabilidade é alcançada quando as pressões e demandas são equilibradas para garantir que nenhum sistema seja indevidamente afetado além de sua capacidade de se estabilizar, reproduzir e não apenas permanente viável, mas saudável.” Desta maneira, para os pilares serem de fato sustentáveis, a relação entre a Natureza e o Social deve ser suportável e viável; “enquanto a relação entre o “social” com o econômico dever ser justa.
“O desenvolvimento dos viveiros ocorrerá nas comunidades Capão do Angico (Poconé) e em São Pedro de Joselândia (Barão de Melgaço) durante 10 meses e envolve a capacitação de pessoas no trato com o plantio, realizado nesta semana, a produção de mudas, a coleta de sementes e início da comercialização. Neste período, cada viveiro deverá produzir cerca de 40 mil mudas. Das 80 mil, no total, metade será adquirida pelo Polo para a recuperação da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, com 108 mil hectares. Localizada em Barão de Melgaço, a reserva foi uma das áreas atingidas pelos incêndios de 2020.”
“A criação dos viveiros está ligada ao projeto
principal para “Recuperação de Florestas Ribeirinhas Pantaneiras: beneficiando
água solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal – Mupan RPPN
Sesc”. Com a criação dos viveiros, será possível oferecer mudas de boa
qualidade para a regeneração das matas ciliares e a reestruturação de
ecossistemas e áreas degradadas na reserva.”
Em Agroecologia as mulheres são a base e a estrutura para a transformação e construção do conhecimento ético, fraterno e com amor. Conhecer a realidade histórica cultural da agricultura no Brasil é importante. Para entender a vida no solo é fundamental compreender a história anterior das comunidades para se poder chegar a uma agroecologia em harmonia, rumando para o envolvimento social, retomando sua evolução e reprodução no meio ambiente sem degradar o Bioma às próxima gerações. Se não tiver base histórica não se faz agroecologia muito menos sustentabilidade.
Para entender isso, adotamos um novo triângulo localizado no interior dos pilares que gera a Sustentabilidade, o triângulo das Comunidades Rurais Ultrassociais Pantaneiras, “representada por seres ultrassociais que fazem agricultura no Bioma, o que não existe na natureza, sobre uma espaço dela, que transforma em território, enquanto tenham aquelas ações nela; a economia não existe fora dela e da Sociedade. Então, a agricultura no caso humano não deve ser regulada pelo mercado, economia ou Sustentabilidade, mas pelos elementos do triângulo: território, questão agrária e modelo agrícola.”
‘ “Este projeto é muito importante para o Pantanal como um todo por juntar questões sociais, ambientais e econômicas. Com a escolha das 10 famílias, o trabalho é feito de maneira colaborativa, envolvendo as pessoas desde o início do projeto. Além das famílias já escolhidas, a oportunidade também beneficia outras pessoas da comunidade que queiram fazer a coleta de sementes. Isso dá o sentimento de pertencimento a algo que tem um grande potencial”, declara’ a superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano em matéria do Observatório Pantanal. “Ela destaca, ainda, a possibilidade de perpetuação dessas espécies, já que, diante dos incêndios e interferência humana, muitas vão desaparecendo.”
Portanto nossa Capacitação e Comunicação em Saúde no Solo buscou se adequar aos já estabelecido projeto de viveiro comunitário e na mesma linha como segue: “O trabalho aqui seguirá a linha mais natural, evitando os químicos. Ou seja, utilizando recursos que eles já têm disponível. Os viveiros exigem um nível de cuidado como qualquer atividade, mas com a capacitação, a comunidade pode fazer a gestão desse viveiro, ampliando possibilidades de plantio, inclusive”, explica.
‘ “O prefeito de Poconé, Tatá Amaral, participou da abertura da formação no Capão do Angico e considera o projeto de grande importância para a comunidade e para ao Pantanal. “Além de dar renda para as famílias, vai servir para poder recuperar o Pantanal em virtude do grande incêndio que tivemos em 2020. Então é de grande valia e o Sesc Pantanal está de parabéns pela iniciativa. A prefeitura sempre estará de portas abertas para poder abraçar essas parcerias que são tão importantes” conclui.
Moradora da comunidade, Rita de Cássia Lemes de Oliveira comemora o desenvolvimento de mais um projeto, “Além disso, vamos contribuir para recuperação das áreas no Pantanal. Somos gratos pela oportunidade, pois o povo dessa comunidade anseia por dias melhores e, com o Sesc Pantanal, estamos tentando crescer, avançar e ter mais qualidade de vida”, completa.’
“A Globalização está em função de sequestrar a construção da história e da memória dos povos. Uma pessoa que não participa da construção de sua história jamais poderá desenvolver ou aflorar consciência” e é neste sentido que os camponeses serão perseguidos pela sociedade industrial que perdeu o rumo do progresso quando rebaixa a importância da ultrassociabilidade em produzir sua energia vital, os alimentos saudáveis para todos.
A sustentabilidade de fato passa pelo equacionamento da questão agrária; das orientações mais sábias de exploração dos recursos naturais presentes nos territórios e na socialização de seu materialismo vital; como também em definir o modelo de agricultura que assegure as inter-relações sociais/natureza em que “a água/solo, nosso primeiro coração, gera a espiritualidade ultrassocial do Biopoder Camponês e a agroecologia impede a destruição da vida, da espiritualidade, do solo e da própria consciência do Biopoder Feminino e Camponês pelas violências estruturais da sociedade industrial inconsciente e heteronômica”.
“A tecnologia não é importante mas sim o ser humano que a utilizam como ferramenta de organização” (Sebastião Pinheiro). Todas as técnicas descrita nesta memória e desenvolvidas no curso são Ultrassociais dos camponeses latinoamerica e Mundo. A resiliência do Biopoder Feminino Campesina das Comunidades Rurais e Periurbanas do Pantanal está em entender esse Mundo.
A nobreza do ser humano mora no apaixonar-se pelo conhecimento. Parabenizo a iniciativa consciente do Sesc Pantanal em proteger, evoluir e preservar nossa espécie, cultura e Bioma.
Bom aproveito.
Oliver H. N. Blanco
Bombeiro Agroecológico
Org. Juquira Candiru Satyagraha
Agradecemos em especial ao Educador do Sesc Pantanal Michel Santos Lima, a Comunidade do Campão do Angico e a todos os parceiros abaixo que fazem desta rede de envolvimento agroecológico um outro mundo necessário e possível entre a Natureza e a Sociedade.