"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".
O Brasil tem 200 milhões de hectares de pastos e 6 milhões e pouco
plantados com cana de açúcar.
Um aumento de 10% na produtividade dos pastos liberaria 20 milhões para o
plantio de cana, passando de 2% para 5% para usar álcool na gasolina. É o que
se lê na revista Época publicado em 04/06/2007 n° 472, artigo de autoria de
Isabel Clemente, Alexandre Mansur e Renata Leal.
É possível aumentar a produtividade com o uso do Pastoreio Voisin.
Retirar 40% das terras de pastagens mal exploradas, destinando então 20% para
produção de alimentos e 20% para o plantio de cana, aumentando a fertilidade do
solo.
O Pastoreio Voisin é usado há quase meio século no RS – Bagé, já recebeu
mais de 1000 visitas por ano, registradas em memoriais, visitas de pessoas de
países da Europa, Ásia, America do Norte, América do Sul e tantos outros
lugares, com impressões a respeito das visitas. No inicio do processo primeiro
ano, usou-se adubo sintético e sementes alienígenas. A prática demonstrou-nos que
nada disso era necessário, principalmente por já haver trabalhos demonstrando que
os animais preferem pastos nativos. Passou-se a trabalhar só com adubos
orgânicos, com estratégias de altas cargas instantâneas que permitisse 100 ou
200 animais por hectare dia, e descansos suficientes para que a vida do solo
bem alimentada permitisse a execução da “Labareda Verde.”
Um metro quadrado de terra segundo Robnov (1959) possui de 7 mil a 57 mil
sementes nativas; possuindo 100 espécies - citado no livro Prados e Pastagens
de Ernest Klapp (pág. 133). É preciso ter em mente que em terra ruim,
degradada, germinam sementes indesejáveis. Terras férteis proliferam boas
sementes. Minhocas (mesofauna) e microvida (actinomicetos) transformam
elementos insolúveis em solúveis.
O Brasil já possui 70 milhões de terras degradadas pelo mau uso da
agriculturae da pecuária irracional.
É preciso adotar o Pastoreio Voisin para que em lugar dos 50 kg de peso vivo
produzido pelo pastoreio contínuo, consiga-se 300 ou mais kg por hectare. André
Voisin produzia 1.230 kg por hectare. Veja o livro “Produtividade dos Pastos,”
página 416 de autoria de André Voisin.
Não será necessário derrubar uma única árvore buscando mais terras. Pelo
contrário poder-se-á ceder terras recuperadas, aumentando a produção e a produtividade. Para que se
possa produzir 300 ou mais kg de peso vivo por hectare é necessário eliminar o pastoreio
contínuo e o rotativo aleatório.
É preciso que a intensidade usada com os animais seja a maior possível,
100 ou 200 animais por dia em um hectare com tempo de ocupação o menor
possível. Um dia no máximo em cada retorno, bem a o contrário do pastoreio contínuo,
onde a intensidade é baixa e o tempo de ocupação é longo. É conveniente no
Pastoreio Voisin usar roçadas com a seguinte finalidade:
1 – Para obter
palha e conseguir mais de 4% de matéria orgânica na área.
2 – Atenuar a
temperatura.
3 – Alimentar a
vida do solo que transforma os elementos insolúveis em solúveis.
4 – Diminuir os
pastos indesejáveis.
5 – Evitar o
escorrimento d’água permitindo a infiltração onde cai, formando silos d’água,
para uso da planta durante os períodos secos, evitando a degradação do solo.
"A melhor forma de
divulgação de uma ideia é causar fascínio.
O instrumento para tal
poder ser um livro. É um método seguro para o poder pela interpretação
particular de cada um, e controle invisível das reações sobre a sociedade em
caso de acionar os instrumentos a seu serviço para os níveis necessários de
respostas ao produto se antagônico.
Isto impede rechaços,
principalmente para os profissionais alienados ou desinformados a governos
servis, que os disfarçam como ideologia, através da mídia oficial, normas
educativas, econômicas e sanitárias.
Na agricultura, dia a
dia, vimos isso se concentrar mundialmente primeiro com von Liebig, depois com
o grupo dos irmãos Rockefeller.
Geógrafos usam o ritmo
análise para melhor compreensão. Em 1800 a Europa estava às voltas com Napoleão
Bonaparte, em uma França saindo de uma revolução de verdade, em toda
efervescência e todos os impérios e seus reinos estavam respirando incertezas.
Em 1842 vamos nos deparar
com a grande transformação na Agricultura pela obra do nobre alemão, que
estudou química em Paris com os maiores cientistas da época. Filho de uma
família de empresários no ramo de tintas, que deixa os pigmentos naturais de
além-mar e valora as matérias primas locais. Sua obra é realizada por seu aluno
Hoffmann. Na Índia mais de 300 mil cultivadores de anil em Bengala conhecerão a
desgraça.
O mesmo se dará com a
aspirina que deixará de ser natural e passará a ser sintética e, consumi-la,
significará modernidade, pior que o anterior pois atinge um povo culturalmente.
No livro do Barão von
Liebig, “A química Orgânica e sua aplicação à Agroquímica e Fisiologia”,
notamos que seus mestres na França eram todos cientistas de renome no estudo
sobre o húmus e matéria orgânica no solo, entre eles, Thenard e Vauquelin
expoentes em agricultura. O Barão refutou que as plantas absorvem moléculas
orgânicas, ao asseverar que elas somente podiam absorver material inorgânico,
afirmando que elas absorviam gás carbônico e sais minerais. Arrematando que a
terra será mais fértil quanto maior quantidade de sais tenha no solo. Inventou
o leite em pó para humanos, feito com leite de vaca, depois criou o anagrama
mundialmente conhecido “NPK”, um tipo de leite em pó químico para substituir os
pós-de-pedra, dito por Hensel, que equivaliam a ser o leite materno do solo.
Logo em todo o mundo se conheceu a salinização dos solos, sua erosão e
degradação acelerada.
Antes dele, os
Nitrogênios, agrícola, industrial e militar eram produzidos por fermentação de
estercos animais (humanos). Ele compõe quase 80% da atmosfera terrestre e
transformado por microrganismos, que mortos têm mais de 50% de proteínas pelo
biorritmo do Sol, só podem estar estáveis como minerais. Logo a mineralização
do N é um mecanismo evolutivo da natureza e bem complexo.
O “P” naquela época não
era produzido por minas, mas pelos ossos dos bisontes e sua compra acelerou a
“limpeza genocida” dos originários nos EUA.
O modelo de von Liebig
era tão avançado que dois matemáticos norte-americanos (Max Mason e Warren
Weaver) foram estudá-lo a mando da Fundação do Grupo Irmãos Rockefeller. No
retorno eles vão doar 30 milhões de dólares a Roosevelt para criar empregos na
crise de 1920 a 1930, assim são construídos o conjunto de hidroelétricas sobre
os rios na Tennessee Valey Authority, maior agência federal dos EUA, que rende
ao Grupo mais de 9 bilhões de dólares ano ANUALMENTE desde então.
As consequências são que
com a lógica de von Liebig a agricultura se tornou parte do Poder Militar,
denominado por Eisenhower na sua despedida e posse de Kennedy.
Não interessa qual seja a
matriz tecnológica da química grosseira de von Liebig ou do atual agronegócios
da biotecnologia.
O grupo dos irmãos, agora
tem todas suas fichas na “crise climática”. Vão começar a operar na Matéria
Orgânica, em especial na sua essência, o húmus.
Só os camponeses através
dos Bombeiros Agroecológicos podem restaurar a harmonia do clima imprescindível
para a sobrevivência humana.
O solo camponês é 18
vezes mais eficiente para a restauração da harmonia climática que o
agronegócios.
Preparem o Ciclo da
Matéria Orgânica Camponesa para frear o desastre e reequilibrar todos os outros
ciclos biogeoquímicos.
O livro “Substancias
Húmicas… Princípios e Controvérsias” do Prof. Emeritus K.H.Tan causa
fascinação, informa de forma reducionista, para impor a nova meta “TVA”, mas
uma leitura do início para o fim, e três em sentido contrário permite
transformar o reducionismo em holismo.
Podemos começar já a
batalha sorrindo, eles estão 40 anos atrasados.
"Ontem assisti, à
distância, o evento “Maio Vermelho”, pelo nome exótico não esperava o
esdrúxulo.
Antecipei minha
contrariedade na rede social.
Hoje, responsável, fui
debruçar-me sobre a matéria orgânica, na agro+cultura (nomia).
Se observa que, desde os
primórdios, no vitalismo havia mistério/veneração ao húmus, que desvaneceu com
o empreendedorismo de Justus von Liebig.
A matéria orgânica, em
especial o húmus foi satanizado. Mesmo com o seu suicídio, e testamento
publicado na Enciclopédia Britânica (1899, retirado de las ediciones
siguientes):
“Por desgracia, la verdadera belleza de la
agricultura, con sus principios intelectuales estimulantes, es mayoritariamente
subestimada. El arte de la agricultura se perderá a causa de ignorantes, no
científicos y miopes maestros que convencerán a los agricultores para que
depositen todas sus esperanzas en remedios universales que no existen en la
naturaleza. Siguiendo su consejo, cegado por resultados a corto plazo, los
agricultores se olvidarán del suelo y perderán de vista su valor intrínseco y
su influencia. De buen grado admito que el uso de fertilizantes químicos se
basa en supuestos que no existen en el mundo real. Se suponía que los
fertilizantes debían conducir a una revolución agrícola completa. El estiércol
tenía que ser completamente abandonado, y los fertilizantes minerales se iban a
utilizar para reemplazar los minerales absorbidos por los cultivos. Los
fertilizantes agrícolas harían posibles los mismos cultivos (trébol, trigo,
etc) en el mismo campo, continuada e indefectiblemente según las necesidades de
los agricultores.
He pecado contra la sabiduría del creador y, con
razón, he sido castigado. Quería mejorar su trabajo porque creía, en mi
obcecación, que un eslabón de la asombrosa cadena de leyes que gobierna y
renueva constantemente la vida sobre la superficie de la tierra había sido
olvidado. Me pareció que este descuido tenía que enmendarlo el débil e
insignificante ser humano.
La ley, la cual condujo mi trabajo sobre la capa
arable del suelo, dice así: “Sobre la capa superficial de la tierra, bajo la
influencia del sol, se desarrollará la vida orgánica”.
Así fue como el gran maestro y creador les brindó a
los fragmentos de la tierra la habilidad de atraer y mantener a todos estos
elementos necesarios para alimentar a las plantas y más adelante servir a los
animales, como un magneto que atrae y mantiene partículas de hierro, de tal
manera que no se pierda ningún pedazo.
Nuestro maestro adjuntó una segunda ley a la anterior,
por medio de la cual la tierra que produce plantas se convierte en un enorme
aparato de limpieza para el agua.
A través de esta habilidad particular, la tierra
remueve del agua todas las sustancias dañinas para los seres humanos y animales
(los productos de composición y putrefacción, de generaciones de plantas y
animales muertos).”
Ele foi um dos
empresários mais ricos no mundo, com seus frigoríficos e a carne em conserva um
invento seu. Antes disso foi um dos responsáveis pela extinção de bisontes e
originários nas pradeiras da América do Norte através da compra de ossos para
sua agricultura,
Seu ato de contrição é
mero efeito colateral pela consolidação do Complexo Industrial Militar,
denunciado 60 anos depois pelo presidente Eisenhower, na posse de John Kennedy.
Passados quase dois
séculos da afirmação de von Liebig, os Bombeiros Agroecológicos devem à
sociedade um rescaldo apurado, pois desde 1842 a matéria orgânica deixou de ser
vitalista e passou a ser dissecada ideologicamente como um defunto na
agricultura industrial moderna do CIM.
Nos países ocidentais
centrais os estudos sobre matéria orgânica eram excêntricos/nostálgicos, sempre
derivados, jamais integrais como se a matéria orgânica fosse um empecilho
reducionista na agricultura pela ideologia do CIM na agronomia.
Algumas excrescências
ficaram marcadas: Em todos os países a meteorologia deixou de ser ligada à
agricultura e passou a ser tutelada pelas forças militares da aeronáutica, sem
o enfoque da climatologia.
A fenologia foi colocada
no ostracismo, embora fosse o mais importante instrumento para a economia, com
os mapas de desenvolvimento par e passo da agricultura e arrecadação de
impostos.
Os ensinos de biologia,
química, bioquímica, física e biofísica na agronomia são piadas de mau gosto,
pelos fertilizantes, agrotóxicos.
A matéria orgânica é
viva, é fóton, bóson, eléctron cresce, fermenta, não ressurge das cinzas como a
Fênix, mas retorna reciclada como a Bennu da mitologia sudanesa-egípcia, para
avaliar o humano, oriundo do húmus.
Os “adubos verdes” foram
proibidos pelo CIM em toda periferia, pois isso facilitava a corrida
armamentista. Ignorava-se que ele impedia a erosão do solo e aumentava os
depósitos de água e realimentação de aquíferos.
Não são suficientes os
Ciclos do Carbono, Nitrogênio, Enxofre, Água, Fósforo e Ferro para estudar a
agronomia, pelos biorritmos da Vida na serula, sucessão vegetal, evolução
vegetal, animal e humana.
Não é novidade que, uma
folha tem como função além de capturar o fóton e neutrino, também adquirir a
cor (verde) em uma frequência para dissipar o calor em suas raízes, mas na
senescência adquirir a cor amarela castanha para incorporar-se como matéria orgânica
trófica no solo/água/atmosfera, para redução, reuso e reciclagem de energias,
no sistema aberto. Logo é impossível de dizer matéria orgânica, viva ou morta
em cada etapa de todo um processo cíclico.
É óbvio que está muito
além de todos os outros “ciclos” antes citados. Ele está como a energia na
serrapilheira para a serula e sucessão vegetal e suportes do bioma e
ultrassociais para o camponês, em todos os acrônimos de Berzelius, Sprengel,
Waksman, na sopa primordial de Oparin/Haldane catalisando o raio e a
transformação do Fósforo em Schreibersite da vida no planeta.
Consolidemos o Ciclo da
Matéria Orgânica Camponesa, na Agricultura, Biomas, Natureza, História Natural
e Vida (“Maio Vermelho”, negacionismo pedante e o desastre provocado pelos
servis, que ignoram o Estado, Governo, Sociedade e a Crise Mundial?"
Do livro: Mitos e Lendas Karajá - Inã Son Wéra, João Américo PERET
Na praia a
madrugada tangia um friozinho de arrepiar os pelos e espantar o sono. Por isso,
Beluálevantou-se, soprou as cinzas e libertou as chamas
da fogueira sonolenta. Depois, sentou-se sobre a esteira e pôs-se a cismar:
- Sou a moça mais cortejada da aldeia, e
deveria estar feliz!... Mas não estou. Gostaria de encontrar alguém diferente!
Bem diferente!...
Naquele instante um raio de luz iluminou seu
corpo nu e bronzeado, atraindo-lhe a atenção. Ela olhou para o céu e avistou Tainahakã
(a Estrela d' Alva) que parecia divertir-se, empurrando a escuridão
para espiar o acampamento dos lnã.
Beluá, fascinada
com tamanho esplendor, deixou-se invadir por uma irresistível paixão. Em sua
imaginação, via o astro como se fosse um poderoso e belo guerreiro que
perambulava pela madrugada, em busca de amor e aventura. Naquele instante, ela
passou a cortejá-lo:
- Tainahakã, diarã otot-ke hã
ãrolákre kai! ... (Estrela d' Alva, estou com a cabeça quente, pensando em
você) Manakre uoni tekiueriribó rioré-se! ... (Venha num
corpo de belo guerreiro, esposar-me).
Não demorou e
seu estranho comportamento passou a ser assunto de mexericos:
- Ora, essa é muito boa! ... Onde
já se viu tamanha pretensão? ... Uma simples diadomã (moça) querendo
casar com uma estrela! ... Só mesmo estando maluca ... - comentavam.
Dali em diante,
a moça passava os dias triste. Não se interessavapelos rapazes, pelas
festas, e nem pelos conselhos que lhe dava ocacique, seu pai. E
afirmava com convicção inabalável:
- Tainahakã também me ama e
conversa comigo todas as madrugadas! ... Até já prometeu que em breve virá
buscar-me! ... Todos vocês estão é com inveja! ...
Os dias foram
passando, passando. Então, o cacique chamou o pajé e disse:
- Trate a cabeça de minha
filha, pois se ela ficar maluca você será o único culpado! ...
O pajé
acreditava na estória da moça, já que outras mulheres haviam revelado poderes
mágicos. E se ele próprio conversava com as unam teki kati (almas
sem roupa, sem corpo), por que outros não poderiam? ... Mesmo assim, ele
apanhou sua óbi (varinha mágica) e procurou ajudar, fazendo
Beluá dormir um longo sono.
Certa
madrugada, com espanto, todos viram Tainahakã aproximar-se da aldeia, e
ficaram em pânico, pensando no pior. Mas, à pouca distância, a estrela parou e
transformou-se em um Inã. Beluá, que já o esperava, correu ao seu
encontro no maior alvoroço e gritando:
- Ele é meu! . . . É meu! Veio
casar comigo! . . .
Os Inã recuperaram-se
do susto e passaram a saudar o Astro. Algumas jovens, naquele momento, sentiram
inveja da moça. O guerreiro do céu foi chegando e pousou na praia. Quando Beluá
já se atirava em seus braços, percebeu que Tainahakã era um velhinho bem
enrugado. Então, parou, deu meia volta e, cobrindo o rosto com os cabelos para
disfarçar a vergonha, afastou-se dizendo:
- Não, não quero casar-me com
nenhum velho! ...
Sua atitude
indelicada chocou os parentes. Mas, Kuanadiki, sua irmã,
apressou-se em corrigir o erro e deu as boas-vindas ao agradável velhinho.
Sorriu, pegou em sua mão e levou-o para a tranquilidade da moça, fazendo-lhe as
honras de costume.
Passado aquele
instante de curiosidade, a aldeia voltou à sua habitual normalidade. Tainahakã,
apesar de ser velho, era muito saudável, e todas as madrugadas saía para a
floresta, de onde só voltava à tarde, sujo de terra e de mãos vazias.
Depois que ele
tomava seu banho, Kuanadiki penteava-lhe os cabelos e servia-lhe uma
refeição. Ao pôr do sol, Tainahakã costumava reunir o pessoal, para contar
estórias e lhes ensinar coisas interessantes:
- Vocês precisam usar pintura
e adornos corporais, que identifiquem a família, a idade das pessoas e sua
condição de solteiro ou casado. Também é necessário dividir as atividades entre
o homem e a mulher. E construir uma choça para iniciar os rapazinhos nas artes
e na cultura.
Certa ocasião
formou-se um grande temporal, e era na floresta que ele causava os maiores
danos. Kuanadiki estava muito preocupada com seu amigo, e resolveu desobedecer
a suas ordens para que não o seguissem. Percorreu a sua trilha, chegando a uma
enorme clareira. Ali, solitário, trabalhava um guerreiro que nunca havia visto
antes.
- Como é estranho aquele lnã: tem
corpo esbelto, é alto, forte e tem a cor bem mais clara que os nossos! O que
estará ele fazendo aqui’? ... - pensou.
Naquele
instante, atraído por forças mágicas, o guerreiro olhou para trás e a viu. Por
um momento, ambos estiveram admirando-se indecisos. Mas ele, com suaves gestos
e sorriso meigo, aproximou-se e falou:
- Você não deveria ter vindo!
... Merecia um castigo. ...
- Era o temporal, fiquei com
receio e vim procurar o meu amigo, um velhinho ... Você o viu? ...
Tainahakã,
com a nova forma de jovem, deu boas gargalhadas e disse:
- Agora, que você me viu como
realmente sou, não há mais razão para esconder a minha identidade num corpo
velho e cansado, que serviu para pôr à prova o amor de Beluá.
Juntos e de
mãos dadas, percorreram a primeira lavoura destinada aos Inã. Tainahakã ensinou-lhe
os segredos da agricultura. Depois, falaram em coisas de amor, e voltaram à
aldeia.
A tempestade
se dissipou e deu passagem ao sol. Este, refletido em cores rubras no espelho
do Berohokã (Araguaia, água grande), encrua a natureza de encantamento.
A aldeia
agitou-se com a presença do estranho noivo de Kuanadiki. Beluá, arrependida,
tentou retomar o seu prometido, mas foi rejeitada.
Muito zangada
e frustrada, transformou-se em coruja, e passa as noites namorando as estrelas,
à espera de que uma delas venha buscá-la.
Os noivos
passavam a maior parte do tempo recolhidos à sua choça, onde os parentes
levavam alimentos e os colocavam à entrada, para não perturbar a lua de mel.
Um dia, como
os alimentos continuaram do lado de fora da moça, surgiu uma natural curiosidade:
- O que estará ocorrendo com o
casal? ... Estarão doentes? ... Terão viajado? ... - eram as indagações.
A mãe da moça
várias vezes foi espreitar através das paredes depalha, mas parecia que
tudo estava bem. No terceiro dia, ela não secontentou e entrou na
choça. Levantou a esteira que cobria o casal e:
- Acudam todos, fomos
enganados, o casal sumiu! ... – gritava a mulher.
Em pouco tempo
a aldeia estava na maior confusão. Todos procuravam qualquer indício que os
levasse ao casal. Mas não havia sequer pegadas; era um mistério completo. As
buscas entraram pela noite. E de madrugada, o pajé, muito agitado, exclamou:
- Lá estão eles, foram morar
no céu! . . .
Realmente, lá
em cima, aparecia Tainahakã acompanhado pela primeira vez por Tainá-ni,
uma pequenina estrela, que um dia foi Kuanadiki, a jovem lnã.
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