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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sábado, 28 de junho de 2014

Biofertilizantes

Preparados fermentados a base de merda de vaca
Manual Prático - O ABC da agricultura orgânica - Fosfitos e Pães de Pedra - Jairo Restrepo Rivera . Julius Hensel

_prosa técnica_ 13ª do Saber e Fazer_

Não há a prática de elaborar os biofertilizantes fermentados nas Universidades & Faculdades agrárias brasileiras em todo o seu ciclo de 5 anos de curso integral. Na Unesp, campus de Jaboticabal, onde me formei em Agronomia, não se dialoga, ou ao menos se tem uma única faísca cognoscitiva, para condicionar o pensamento a elaborar tal conhecimento sobre a adubação foliar autônoma. Portanto, não se tem resultados e não se sabe nada neste ambiente de estudo da sua excelente explosão de sustentabilidade agrícola e social/econômica, propiciada pela utilização do caldo primevo em vida, sendo aplicado, em todas as fases importantes do desenvolvimento de vida dos vegetais.

- os agroecólogos/as, assim convencionado por eles mesmos! - técnicos/as com bacharelados em Agroecologia - também não estão muito por dentro desta prática, apesar de se ter o conhecimento teórico do uso de biofertilizantes durante o curso, ainda, há um estudo fracamente estabelecido dentro de um padrão técnico/científico...

Confesso também, que quando obtive uma capacitação em grupo, realizada pela Embrapa sobre a elaboração dos biofertilizantes, o chamado Super Magro, fiquei fascinado com a técnica, porém, não sabia que estava em boa parte errada, acochambrada talvez (sempre há um interesse obscuro), sem saber o que tinha virado aquilo na prática. Assim, percebi que muitas capacitações realizadas em encontros pelo Brasil: dia de campos, mini cursos agroecológicos, palestras etc, - pelos 'extensionistas' da Emater, Epamig, EBDA, Cati (ainda fraco, mas já se vê citações), agora a Apta (pesquisa em agronegócio paulista), Organizações não Governamentais e outras - elaboram os biofertilizantes sem o fechamento hermético da "bombona" - recipiente plástico, ou seja, estabelece um ambiente com a presença do oxigênio, oxidativo. [Oxidação e Redução são dois fatores de formação de solo; é completado por hidratação, hidrólise, carbonatação e solução... oxidação e redução são modificações ativas de ocorrência naturais após as ações anteriores das forças físicas de meteorização das rochas e formação das argilas, óxidos. Oxidação (bio aberto) e Redução (bio fechado) precisa ser estudado pelos técnicos/as para melhor compreender as diferenças qualitativas nos dois processos de elaborar os biofertilizantes..] continuando: A cor escurecida e o cheiro fétido, ruim, por não haver uma oxigenação constante, é a pior parte do resultado da prática (lembrar que mesmo fechado isso poderá acontecer por iniciativa de manejo ou informações detalhadas no modus operandi). Famílias agricultoras... 'era um tal ver para crer'. Verifiquei, que no primeiro contato com o  odor da putrefação, os desanimava a utilizar, afastando assim, a prática de sua realidade, ou de sua verdade técnica.

Realizei capacitações e fizemos alguns biofertilizantes simples (chamado também Caboclão) em Minas Gerais - projeto PAIS, a base de esterco bovino, sem saber que a merda de vaca tinha de ser coletada de preferência diretamente, logo após a vaca excretar, se possível na madrugada antes do sol sair. Colocamos leite, garapa, cupim vivos, plantas espontâneas, etc. Assim foi. Assim mau sabemos dos resultados...

Bebendo diretamente da fonte e sempre olhar como se fosse a primeira vez, segue um pouco do material do livro: O ABC da agricultura orgânica, que deve ser transmitido a todos e todas para que as famílias camponesas brasileiras, obtenham êxitos em suas práticas e continue a produzir alimentos saudáveis.    


        boa leitura e prática,

na luta, Oliver Blanco

Algumas perguntas e repostas

Sobre a preparação e o uso dos biofertilizantes fermentados a base de merda de vaca


     1.  O que são os biofertilizantes?

Os biofertilizantes são super adubos líquidos com muita energia equilibrada e em harmonia mineral, preparados a base de merda de vaca muito fresca, dissolvida em água e enriquecida com soro ou leite, cinza ou fosfito e melado, que tem posto a fermentar por vários dias em tonéis ou tanques de plástico (“bombonas”), por dentro um sistema anaeróbico (sem a presença de oxigênio) e muitas vezes enriquecidos com farinhas de rochas moídas ou alguns sais minerais ou sulfatos, como os sulfatos de magnésio, zinco, cobre, etc. (Figura 1)

Figura 1 - Fonte: Manual Prático: O ABC da agricultura orgânica, fosfito e pães de pedra, Jairo Restrepo Rivera . Julius Hensel 
   2.  Para que servem os biofertilizantes?

Servem para nutrir, recuperar e reativar a vida do solo, fortalecer a fertilidade das plantas e a saúde dos animais, ao mesmo tempo servindo para estimular a proteção dos cultivos contra o ataque de insetos e enfermidades. Por outro lado, servem para substituir ou eliminar totalmente a utilização dos fertilizantes químicos altamente solúveis da indústria, os quais são muito caros e causa dependência ao campesinos, tornando-os cada vez mais pobres.

   3.  Como funcionam os biofertilizantes?

Agem principalmente no interior das plantas, ativando o fortalecimento da harmonia nutricional como um mecanismo de defesa da mesma, através dos ácidos orgânicos, dos hormônios de crescimento, das enzimas e co-enzimas, dos carboidratos, dos aminoácidos e açúcares, complexos e simples, entre outros, presentes nas complexidades das reações e relações biológicas, químicas, físicas e energéticas que são estabelecidas entre as plantas e a vida do solo.

Os biofertilizantes enriquecidos com cinzas, fosfitos ou sais minerais ou sulfatos ou com farinhas de rochas moídas, depois de seu período de fermentação (30 a 90 dias), estão prontos e equilibrados numa solução tampão e coloidal, cujos efeitos podem ser superiores de 10 a 100.000 vezes as quantidades dos micronutrientes tecnicamente recomendados pela agroindústria para serem aplicados ao solo e nos cultivos de forma foliar. 

Jairo Restrepo, Itajaí/SC - Brasil - Curso Internacional de Agricultura Orgânica, novembro 2013. 
  4. Que materiais são permanentes e quais ingredientes são necessários para preparar os biofertilizantes?

Os materiais permanentes são:

- Tanques ou tonéis ou tambores de plásticos com 200 litros de capacidade, com aro metálico ou tampas roscadas com a finalidade de vedação hermética, bem tampadas, para que se dê uma boa fermentação do biofertilizantes. Recordar, a fermentação do biofertilizantes é anaeróbica, ou seja, se realiza sem a presença do oxigênio;

- Uma válvula metálica ou um pedaço de Niple de rosca de mais ou menos 7 cm de largura e de 3/8 a ½ polegada de diâmetro, adaptado na tampa, para permitir a saída dos gases (principalmente os gases Metano e Sulfídrico) que se formam no tanque durante a fermentação da merda de vaca;







ou...




Observação: Em caso dos campesinos ou dos produtores não possuírem o tambor de plástico com a capacidade de 200 litros para o preparo, podem fazer os cálculos proporcionais em tanques maiores ou menores;

- Um pedaço de mangueira, de preferência transparente, de mais ou menos 1 metro de largura e de 3/8 a ½ polegada de diâmetro, acoplado à válvula com uma braçadeira metaliza, cuja finalidade é evacuar os gases que se formam no interior do tanque;
- Uma garrafa Pet (garrafa de plástico) com ½ litros de água, em que, no seu extremo irá a mangueira para
evacuar os gases;

- Um bastão de madeira para mexer os ingredientes.
(Figuras x)

Os ingredientes básicos necessários para preparar os biofertilizantes simples em qualquer lugar são:

- Merda de vaca muito fresca;
- Leite ou soro;
- Melado ou garapa (cana-de-açúcar);
- Cinza de lenha;
- Água sem ser tratada e não contaminada.

Observações:
     a.      Estes são os materiais e ingredientes básicos necessários para preparar os biofertilizantes foliares mais simples, para serem aplicados em qualquer cultivo, e podem ser preparados por qualquer campesino ou produtor, produtora, em qualquer lugar;
    

b.  A adição de alguns sais minerais ou sulfatos (de zinco, magnésio, cobre, ferro, cobalto, molibdênio, etc), para enriquecer os biofertilizantes, é opcional e se realiza de acordo com as necessidades e recomendações para cada cultivo em cada etapa de seu desenvolvimento. Recordar, que os sais minerais ou sulfatos podem serem substituídos por cinza de lenha ou por farinhas rochas moídas ou fosfitos, com excelentes resultados.



   5.  Quais são as quantidades básicas de cada ingrediente para a preparação dos biofertilizantes?


Quantidades básicas que se utiliza de cada ingrediente para se preparar até 180 litros de biofertilizantes

Ingredientes
Quantidades
Água
180 litros
Leite (ou soro)
2 (4) litros
Melado (ou garapa)
2 (4) litros
Merda de Vaca muito fresca
50 quilos (kg)
Cinza de lenha ou Fosfitos
3 a 5 quilos (kg)
Sais minerais (são opcionais)
De acordo com as exigências e as recomendações para cada cultivo, quando se dispuser das informações. Também podem ser substituídos por 3 a 4 quilos (kg) de farinha de rochas moídas. Quanto mais diversificadas são as rochas que se misturam, melhor será o resultado final do biofertilizantes.

   6. Qual é o biofertilizante mais simples e como prepara-lo?

O biofertilizantes mais simples de preparar é o que descrevemos na continuação:

Biofertilizantes simples (ou caboclão)
Fermentação da merda de vaca com leite, melado e cinza – Sistema de fermentação anaeróbico
Primeira Etapa
Ingredientes
Quantidades
Outros Materiais
Água (sem tratar, pura)
180 litros
·         1 recipiente plástico de 200 litros de capacidade;
·         1 recipiente plástico de 100 litros de capacidade;
·         1 recipiente de 10 litros de capacidade;
·         1 pedaço de mangueira (1 metro) e 3/8 ou ½ polegada;
·         1 Niple de rosca de bronze ou cobre de 5 cm de largura e 3/8 a ½ polegada;
·         1 garrafa Pet (de plástico);
·         1 coador ou pano para coar a mistura;
·         1 bastão para mover a mistura.
Merda de Vaca
50 quilos
Melado (ou garapa)
2 (4) litros
Leite (ou soro)
2 (4) litros
Cinza de lenha
4 quilos

Mistura para a Aplicação:

Segunda Etapa

Biofertilizante
Preparado na primeira etapa

Água


5 a 10 litros


100 litros

Como prepara-lo na primeira etapa?

Passo 1
No recipiente plástico de 200 litros de capacidade, dissolver nos 100 litros de água não contaminada os 50 quilos de merda de vaca fresca, os 4 quilos de cinza, e mexer até formar uma mistura homogênea.

Observações: Quando possível convém coletar a merda bem fresca durante a madrugada nos estábulos onde se encontra as vacas (quando o produtor começar a tirar o leite), pois quanto menos luz solar incidir na merda de vaca, melhor são os resultados que se obtém com os biofertilizantes. (Figura x)

Passo 2
Dissolver no recipiente de plástico separado 10 litros de água não contaminada, os 2 litros de leite cru ou 4 litros de soro com os 2 litros de melado e junta-los no recipiente plástico de 200 litros de capacidade em que se encontra a merda de vaca dissolvida com a cinza, e mexer constantemente. (Figura x)

Passo 3
Completar o volume total do recipiente plástico que contém todos os ingredientes com água limpa, até 180 litros de sua capacidade e mexe-lo.

Passo 4
Tampar hermeticamente o recipiente para o início da fermentação anaeróbica do biofertilizantes e conectar o sistema da evacuação de gases com a mangueira (selada de água).

Passo 5
Colocar o recipiente que contém a mistura em repouso na sombra a temperatura ambiente, protegido do solo e das chuvas. A temperatura ideal seria a de um rúmen dos animais ruminantes como as vacas, mais ou menos de 38°C a 40°C.


Passo 6
Esperar um tempo mínimo de 20 a 30 dias de fermentação anaeróbica, para logo abri-lo e verificar sua qualidade através do odor e cor, antes de passar a usá-lo.


Passo 7
Não deve apresentar cheiro de putrefação, nem ser de cor azul violeta. O odor característico deve ser de fermentação, do contrário deverá ser descartado.

Observações: Em lugares muito frio o tempo de fermentação pode levar de 60 até 90 dias; o melhor indicador para saber que o biofertilizantes está pronto para o uso é observar que não há mais saída de gases na garrafa plástica com água.

Preparação da segunda etapa
(Mistura para aplicação nos cultivos)

Uma forma muito generalizada de recomendar este biofertilizante é pra os lugares onde há dificuldades em conseguir os materiais para preparar os biofertilizantes enriquecidos com sais minerais. Também se recomenda para ser aplicado em solos ou cultivos cuja realidades dos mesmos não demonstra uma necessidade específica de uma determinada nutrição. A concentração de sua aplicação em tratamentos foliares é de 5% até 10%, ou seja, se utiliza de 5 a 10 litros do biopreparado para cada 100 litros de água que se converte sobre os cultivos. Não esquecer de coar o biofertilizante antes de aplica-lo. Outra medida para a aplicação é a de utilizar 1 a 1 ½ litros do biofertilizante por cada bomba de 20 litros de capacidade.

7. Quanto tempo demora a fermentação para que o biofertilizante esteja pronto para aplica-lo?

O tempo que demora a fermentação dos biofertilizante é variado e depende em certa maneira da habilidade, do desejo de investimento de cada produtor, da quantidade que se necessita e do tipo de biofertilizantes que se deseja preparar para cada cultivo (se enriquecido ou não com sais minerais).

Para se ter uma ideia: O biofertilizante mais simples de preparar e fermentar é o que se encontra explicado na pergunta e resposta de número 6, e demora para estar pronto entre 20 a 30 dias de fermentação. No entanto, para preparar biofertilizantes enriquecidos com sais minerais podemos demorar de 35 até 45 dias. Mas se dispusermos de um maior investimento e adquirirmos vários recipientes ou tanques plásticos, a fermentação dos sais minerais poderá se realizar por separado em menos tempo, ou seja, em cada tanque ou recipiente individual põe-se a fermentar os ingredientes básico e um sal mineral, encurtando desta maneira o período da fermentação enriquecida com minerais. Depois, o caso é solo, calcular as doses necessária de cada um dos nutrientes para o cultivo e mistura-los na bomba, durante o momento de sua aplicação nos cultivos.

Observações: (resumo da pergunta de número 10 do livro: Quando estão prontos os biofertilizantes para aplica-los nos cultivos e no solo?

Os biofertilizantes estarão prontos para serem utilizados quando depois de preparados, parar ou finalizar o período mais ativo da fermentação anaeróbica da merda de vaca, em que se verifica pela finalização da saída de bolhas na garrafa Pet com água. O período de maior fermentação se dá durante os primeiros 15 a 20 dias depois de sua preparação. No entanto, neste período lhe segue um tempo de maturação, da mesma forma como se processa a fabricação de vinhos; por isso, recomendamos que, quanto mais tempo se contínuo ou envelheça o biofertilizante no recipiente original, este será de melhor qualidade. O período de envelhecimento pode durar de 2 até 3 meses. Realize suas experiências de acordo com sua condição e tire suas próprias conclusões. Não esquecer de transmitir e compartilhar o êxito de sua experiência com outros agricultores.

  8. Quais são as funções de cada ingrediente para preparar os biofertilizantes?

A função de cada ingrediente para preparar os biofertilizantes, é aumentar sua sinergia de fermentação e assim obter uma disponibilidade dos nutrientes para a vida das plantas e do solo.

Leite: Principalmente tem a função de vitalizar o biopreparado, da mesma forma que tem o melado; injetar proteínas, vitaminas, gordura e aminoácidos para a formação de outros compostos orgânicos que se regeneram durante o período da fermentação, ao mesmo tempo permiti um ambiente propicio para a reprodução da microbiologia da fermentação.

Melado: A principal função e injetar a energia necessária para ativar o metabolismo microbiológico, de modo tal que o processo de fermentação se potencialize, também, de injetar outros componentes de menor escala como são alguns minerais, entre eles: cálcio, potássio, fósforo, boro, ferro, enxofre, manganês, zinco e magnésio.

Sais minerais: Ativam e enriquece a fermentação e tem como função principal nutrir o solo e fertilizar as plantas, os quais, ganham vida através da digestão e do metabolismo dos microrganismos presentes no tanque de fermentação, que por sua vez foram incorporados através da merda de vaca utilizada (quando se possui dificuldade de se encontrar os sulfatos ou os sais minerais, poderá ser substituídos totalmente pela cinza ou farinha de rochas moídas ou pelos Fosfitos).

Fosfitos, obtidos da combustão lenta da mistura de farinha de ossos e casca de arroz - com Aderbal Neves - Araçatuba/Brasil
Cinza ou Fosfito: Sua principal função é proporcionar minerais e traços de elementos ao biofertilizante para ativar e enriquecer a fermentação. Dependendo da origem da mesma e na falta de sulfatos e sais minerais, eles podem chegar a substitui-los (a melhor cinza para fazer os biopreparado são as que se originam a parir das gramíneas, exemplos: casca de arroz, cana-de-açúcar, bambus e milho).


Pó de rocha moída, Basalto - Pedreira Buritama/SP - Brasil.
Merda de Vaca: Tem principalmente a função de injetar os ingredientes vivos (microrganismos) para que a fermentação do biofertilizantes ocorra. Injeta principalmente inoculo ou “sementes de leveduras”, fungos, protozoários e bactérias, os quais são diretamente responsáveis em digerir, metabolizar e colocar de forma disponível para as plantas e solos todos os elementos nutritivos que se encontram no caldo vivo que se está fermentando no tanque.

Por outro lado, a merda de vaca contém uma grande quantidade diversificada de microrganismo muito importantes para dar início à fermentação do biopreparado, entre os quais se destaca o Bacillus subtilis.
Finalmente, outra grande vantagem que se apresenta ao trabalhar os biofertilizantes com merda de vaca é que sua microbiologia tem a característica facultativa de poder desenvolver tanto anaerobicamente (sem a presença do oxigênio) como de forma aeróbica (com a presença de oxigênio), o que facilita o manejo da fermentação por parte dos produtores.

Água: Tem a função de facilitar o meio líquido em que se multiplica todas as reações bioenergética e químicas da fermentação anaeróbica do biofertilizante. É muito importante ressaltar que muitos microrganismos presentes na fermentação, tais como leveduras e bactérias, vivem mais uniformemente na massa líquida, em que ao mesmo tempo os produtos sintetizados como: enzimas, vitaminas, peptídeos, promotores de crescimento, etc., se transferem mais facilmente.

  9. (Número 11 do livro): Como se pode verificar a qualidade final do biofertilizante que preparamos?

Há vários aspectos ou parâmetros que vale a pena observar para verificar a qualidade dos biofertilizantes fermentados a base de merda de vaca:
·         
        O odor: Ao abrir o tanque de fermentado não deve existir mau cheiro (de putrefação). A tendência é que quanto mais desejamos fermentar e maturar o biofertilizante, este será de melhor qualidade e desprenderá um cheiro agradável de fermentação alcoólica e se conservará por mais tempo.
·     
          A cor: Ao abrir o tanque fermentador, o biofertilizante pode apresentar as seguintes características ou uma delas:

Formação de uma nata branca na superfície, pois quanto mais maturados são os biofertilizantes, mais branca será a nata; o conteúdo líquido será de uma cor âmbar brilhante e translúcida e no fundo deve-se encontrar algum sedimento.

Quando os biofertilizantes não estão bem maduros, ou seja, que não se deixou maturar por muito tempo, a nata superficial regularmente é de cor verde espumosa e o líquido é de cor verde turvo, isto não quer dizer que o biofertilizante não sirva, e sim que quando o comparamos com o mais maturado, este último (o maturado) é de melhor qualidade, inclusive mais estável para seu armazenamento.

Os biofertilizantes serão de má qualidade quando possuir um odor de putrefação e a espuma que se forma na superfície tende a ter uma cor negra, então é melhor descartar. 


“A inovação, a adaptação e a validação campesina das práticas propostas pela agricultura orgânica, constituem os pilares no que repousam o êxito e a liberdade, para a construção de uma agricultura sana, justa e humana”.

  10.  (Número 12 do livro): Como se aplica os biofertilizantes nos cultivos e nos solos?

A aplicação do biofertilizante nos cultivos é via foliar e, os melhores horários para essa tarefa são nas primeiras horas da manhã, até mais ou menos 10 horas da manhã, e no fim da tarde, após às 16 horas, para aproveitar o período em que há uma maior assimilação (absorção) dos biofertilizantes, por que se tem uma maior abertura dos estômatos (células por onde as plantas comem via foliar; equivale a nossa boca) nas folhas das plantas.

Recomenda se que sua aplicação seja realizada preferivelmente da parte de baixo das folhas para acima. Outra recomendação importante para a aplicação dos biofertilizantes é de poder agregar um aderente para maximizar sua aplicação. Como aderente recomendamos, Aloe vera (babosa), cactos, goma laca ou cola de madeira, cinza, sabão em pó e farinha de trigo, melado, soro, entre outros. (Ver tabela)

As aplicações dos biofertilizantes sobre o solo se devem fazer sobre a cobertura vegetal ou sobre a própria superfície do solo após se ter realizado uma roçada ou uma capina seletiva (das plantas espontâneas), o que estimulará a evolução mineral e biológica da formação de solos férteis, nutritivamente diversificado e mais profunda. A aplicação do biofertilizante sobre a superfície dos solos se deve fazer de forma simultânea, quando se está tratando dos cultivos.

Outra maneira de aplicar de forma indireta os biofertilizantes sobre o solo, é aplica-los sobre os adubos orgânicos tipo Bocashi, quando se está preparando. Por exemplo, no momento da preparação de 3 toneladas de Bocashi (60 sacos) podemos utilizar até 100 litros do biofertilizante simples ou do Super Magro, mesclando com a água que requer na preparação deste adubo. Por outro lado, os biofertilizantes também podem ser aplicados sobre a matéria orgânica que estão destinadas a produção de vermecompostos (húmus de minhoca).

Finalmente, os biofertilizantes também podem ser aplicados via fertirrigação, gotejamento e de forma nebulizada em viveiros.



 11.  (Número 13 no livro): Que quantidade de biofertilizante pode aplicar nos cultivos?

As quantidades de biofertilizante que se pode aplicar nos cultivos estão relacionadas diretamente com as necessidades específicas de nutrientes que cada cultivo exige em cada momento ou etapa de seu desenvolvimento (pré-floração, floração, frutificação, pós-colheita, desenvolvimento vegetativo, viveiros e sementes, etc.). No entanto, pela experiência e a evidência dos resultados que os agricultores vêm obtendo, principalmente na América Central e México, recomendamos iniciar com a preparação e aplicação do biofertilizante mais simples de elaborar.

Por outro lado, a preparação e aplicação do biofertilizantes brasileiro Super Magro, vem sendo aplicado de forma muito regular nos cultivos que representa alguma importância econômica para os agricultores. Tanto o biofertilizantes simples como o Super Magro, vem sendo administrado nas concentrações que variam de 3 a 7 litros do biofertilizante acrescido por 100 litros de água; ou seja, vem sendo utilizando desde 3% até 7% (3% a 7%). Outra forma recomendada, seria experimentar a aplicação de ¾ de litro ou 750 ml até um litro (1L) e meio por bomba de 20 litros de água.

Quando se possui conhecimento mais detalhado sobre os cultvos e o tipo de nutrientes que o mesmo exige, seja porque possui análise do solo, análises foliares ou porque conhecemos pontualmente cada situação, então podemos preparar biofertilizantes com diferentes tipos de sais minerais ou sulfatos e recomendar as doses de aplicação de acordo com cada cultivo. A utilização dos sai minerais ou sulfatos não devem criar dependência dos cultivos com estes insumos, sua utilização deve ser limitada. Não esquecer que os sais minerais podem ser substituídos totalmente por cinzas ou farinhas de rochas moídas ou Fosfitos.

Outra recomendação é aplicar os biofertilizantes via ferti-irrigação, gotejamento e nebulização em viveiros, nas quantidades que podem variar desde 3 litros até 5 litros para cada 100 litros de água. Calcular e recomendar as quantidades precisas de biofertilizantes que necessitam os cultivos, é mais uma tarefa do dia a dia de convivência com o campo e dos cultivos, que num laboratório acadêmico e teórico.

“Teoria é quando se sabe tudo, mas nada funciona, disto é capaz a universidade; e prática é quando as coisas funcionam e não há o que explicar os porquês; disto se ocupam os campesinos do campo”.

Experimentar novas formas de preparar, dosificar e aplicar os biofertilizantes. “Sê criativos e redesenhar as receitas de acordo com suas necessidades, recursos locais e alcance de sua imaginação”.

Recomendações: Não esquecer de colocar um pano, véu, meia calça ou peneira nos biofertilizantes, antes de aplica-los.

  12.  Com que frequência se aplicam os biofertilizantes?

A frequência com que se aplicam os biofertilizantes é muito variada e se devem considerar alguns aspectos, entre outros:

   ·         O tipo de cultivo;
   ·         O estado do desenvolvimento do cultivo;
   ·         A história e o estado em que se encontra o cultivo;
   ·         O tipo de solo e a cobertura vegetal do mesmo;
   ·         O estado da reativação biológica e mineral do solo;
   ·         Etc.

Por outro lado, não esquecer que as plantas COMEM todos os dias; fazem “fotossínteses”, armazenam e gastam energia, se reproduzem, crescem, envelhecem, morrem e se reciclam. No entanto, o ideal seria realizar um maior número de aplicações, com intervalos bem curtos entre uma aplicação e outra, em concentrações de biofertilizantes bem baixa. Logo, compreenderemos que realizar ou incrementar um maior número de operações nos cultivos é oneroso e requer muito tempo do agricultor, para o qual recomendamos as seguintes experiências, com o ânimo de permitir uma maior elasticidade dos espaços entre uma aplicação e outra:

    a. Hortaliças e viveiros ou folhosas: Até duas (2) aplicações de biofertilizantes, em concentrações que podem variar entre o 2% e o 3%, ou seja, se misturam 2 a 3 litros de biofertilizante por cada 100 litros de água;
  
     b.  Hortaliças transplantadas ao campo: De 3 até 6 aplicações de biofertilizante, em concentrações que podem variar entre 3% e 7%;

    c. Frutas em viveiros: De 6 até 8 aplicações de biofertilizante, em concentrações que podem variar entre 4% e 6%;

     d.   Frutas, café ou cultivos perenes: De 10 a 15 aplicações de biofertilizante por ciclo, em concentrações que podem variar entre o 5% ao 10%;

     e.   Cultivos anuais como o feijão e o milho: De 6 até 8 aplicações, durante o ciclo todo da cultura. Em concentrações que podem variar entre 3% ao 5%.

Calcule você mesmo as frequências e adapte as concentrações de seu biofertilizantes, de acordo com as exigências do cultivo e sua própria experiência. Não esquecer de compartilhar e documentar os resultados.

“A agricultura orgânica e como a arquitetura da vida, ela nos permite que a modifiquemos e redesenhamos de mil maneiras para fazê-la infinita”.

  13. Quais são as vantagens e os resultados mais visíveis que se obtém com a aplicação dos biofertilizantes nos cultivos?

São:

    ·         Utilização de recursos locais, fáceis de conseguir (merda de vaca, melado, leite, soro, etc.);
    ·         Investimento muito baixo (tanques ou barris de plástico, niple, mangueiras, ‘bombonas’, etc.)
    ·         Tecnologia de fácil apropriação pelos produtores (preparação, aplicação, armazenamento);
    ·         Se observam os resultados em curto prazo;
    ·         Independência da assistência técnica viciada e mal intencionada;
    ·         O aumento da resistência contra o ataque de insetos e enfermidades;
    ·         O aumento da precocidade em todas as etapas de desenvolvimento vegetal dos cultivos;
   ·         Os cultivos perenes tratados com os biofertilizantes se recuperam mais rapidamente do estresses pós-colheita e do pastoreio rotacionado;
    ·         A longevidade dos cultivos perenes é maior;
    ·         O aumento da qualidade, do tamanho e “vigorosidade” da floração;
    ·         O aumento da quantidade, da uniformidade, do aroma e do sabor das colheitas;
   ·         As economias que se tem a curto prazo, pela substituição dos insumos químicos (veneno e fertilizantes altamente solúveis);
    ·         A eliminação dos resíduos tóxicos nos alimentos;
    ·         O aumento da rentabilidade;
    ·         A independência dos produtores do comércio ao apropriar-se da tecnologia;
  ·         A eliminação dos fatores de risco para a saúde dos trabalhadores, ao abandonar o uso de AGROTÓXICOS;
    ·         O melhoramento e a conservação do meio ambiente e a proteção dos recursos naturais incluindo a vida no solo;
    ·         O aumento da qualidade de vidas das famílias rurais e dos consumidores;
   ·         O aumento de um maior número de ciclos produtivos por área cultivada para o caso de hortaliças (incremento do número de colheitas por ano);
    ·         A produção, depois de sua colheita, se conserva por um período mais prolongado, principalmente frutas e hortaliças.

Finalmente, os biofertilizantes economizam energia, aumentam a eficiência dos micronutrientes aplicados nos cultivos e barateiam os custos de produção, ao mesmo tempo que aceleram a recuperação dos solos degradados.

  14. Quais são os efeitos que se podem conseguir com a aplicação dos biofertilizantes no solo?

Os efeitos que se podem conseguir com a aplicação dos biofertilizantes o solo, entre outros, são:

   ·         O melhoramento diversificado da nutrição disponível do solo para as plantas;
   ·         O desbloqueio (liberação) diversificado de muitos nutrientes que não se encontravam disponíveis para os cultivos;
   ·         O melhoramento da biodiversidade, atividade e quantidade microbiológica (evolução biológica do solo);
   ·         O melhoramento da estrutura e profundidade dos solos;
   ·         Aumento da capacidade do intercambio catiônico (CTC);
   ·         Aumento da assimilação diversificada de nutrientes por parte das plantas;
   ·         Melhoramento dos processos energéticos dos vegetais através das raízes e sua relação com a respiração e a síntese de ácidos orgânicos;
    ·         Estimulação precoce na germinação de sementes e aumento do volume radicular das plantas;
    ·         Aumento do conteúdo de vitaminas, auxinas, e antibióticos nas relações complexas e “simplificadas” entre raízes e solo;
    ·         Estimulação da ecoevolução vegetal diversificada, para a recuperação, revestimento e proteção dos solos com “buenazas” (cobertura vegetal verde);
    ·         Estimula a produção de ácido húmicos, de grande utilidade para a saúde do solo e dos cultivos;    
    ·         Aumento da microdiversidade mineral do solo disponível para as plantas;
    ·         Aumento da resistência das plantas contra o ataque de enfermidades, principalmente das raízes;
    ·         Melhora a bioestrutura do solo e da penetração das raízes até as partes mais profundas;
    ·         Estimulam as rizobactérias como promotoras do crescimento das plantas e da bioproteção; 
    ·             Aumenta o tamanho e volume das raízes, com incremento da matéria orgânica no solo (compostagem orgânica subterrânea);
    ·         Em muitos casos se podem preparar biofertilizantes exclusivos que ajudam a combater a salinidade dos solos.

Finalmente, devido às características altamente quelantes (de pinçar) que possuem os biofertilizantes, facilitam a nutrição equilibrada do solo e maximizam o aproveitamento mineral pelos cultivos.

  15. Como fonte de nutrientes, o que contém os biofertilizantes e que outras substâncias estão presentes no mesmo?

Nos biofertilizantes fermentados a base de merda de vaca, enriquecidos com alguns sais minerais, sulfatos, farinhas de rochas, cinza e fosfitos, podemos encontrar, entre outros:

ELEMENTOS: Nitrogênio, potássio, fósforo, cálcio, magnésio, sódio, enxofre, cloro, silício, lítio, vanádio, cobre, molibdênio, prata, cromo, zinco, selênio, estrôncio, iodo, cadmio, cobalto, boro, níquel, rubídio, césio, bário, estanho, berílio e bromo.

VITAMINAS: Tiamina, piridoxinas, ácido nicotínico, ácido pantatênico, riboflavina, cobalamina, ácido ascórbico, ácidos fólicos, provitamina A, ergosterol, alfa amilase e aminoacilase.

ÁCIDOS ORGÂNICOS: Entre os principais se destacam: Aconítico, carólico, fumárico, graxos, cítrico, byssoclámico, carolínico, gálico, glucurónico, láctico, cárlico, fúlvico, gentésico, kójico e puberúlico, se destacam entre os principais.
Os biofertilizantes também podemos encontrar hormonas, fungos, bactérias e leveduras muito importantes para conseguir a produção de cultivos sano e saudáveis, “imunes” ao ataque de insetos e enfermidades.

 16. Ao preparar os biofertilizantes, pode modificar as quantidades dos ingredientes recomendado em algumas receitas?

Não é recomendável estar modificando de maneira arbitraria as quantidades dos ingredientes com os quais se preparam os biofertilizantes, principalmente nos relacionados com a quantidade de sais minerais e sulfatos, como são: Zn, Cu, B, Mg, Mn, Na, Fe, etc. Pois, muitas vezes, uma modificação que tente a fazer um aumento de sais minerais ou dos sulfatos na preparação de um mesmo biopreparado, pode ser fatal para o cultivo, a vida e a química do solo. Por outro lado, em muitos casos, um excesso destes ingredientes pode paralisar a atividade microbiológica da fermentação no recipiente de plástico, em que está elaborando o biopreparado.

O ideal é consultar ou intercambiar (trocar experiências) com outros agricultores que contam com mais experiências nestas práticas. Cada nova experiência que se realiza, documenta-la e assim poderá tirar suas próprias conclusões sobre o redesenho de novas formulações. No entanto, as modificações que que se tem uma diminuição da quantidade de sais minerais e dos sulfatos recomendados, apresentam um menor ou nenhum risco para os cultivos e solo. Finalmente, não esquecermos de anotar todas as possibilidades que temos de realizar algumas análises do solo e se possível análise foliar, para assim poder preparar biofertilizantes mas pontuais, de acordo com as exigências de cada atividade agrícola que queremos promover. Estas análises nos servirão para construir nossas próprios indicadores e medições futuras sobre os impactos que estamos conseguindo com o incremento das práticas orgânicas nos terrenos. “E melhor nutrir o solo que fertilizar a planta”.

“A criatividade e uma das ferramentas básicas para criar utopias, ela nos permite redirecionar a rigidez do pensamento, fazendo-o flexível e possível. ”

 17. Durante a preparação dos biofertilizantes, se pode substituir alguns dos ingredientes por outro?

Muitos dos ingredientes que fazem parte da preparação dos biofertilizantes não se podem substituir por outros, por mais parecidos que sejam. No entanto, na falta de alguns deles o que se pode fazer é uma aproximação de elementos que queremos substituir por outros. Por exemplo: na falta ou impossibilidade de conseguir os sais minerais ou sulfatos, podemos utilizar farinhas de rochas moídas a base de serpentinas, basaltos, granitos, mármores, micaxistos, carbonatos, fosfatos, etc. Outra alternativa é a utilização de ossos de animais, algas desidratadas, conchas marinhas calcinadas e moídas, cascas e resto de pescados, ostras e carapaças de crustáceos e mariscos, entre outros. Finalmente, em muitos casos se convém utilizar como fonte alternativas de minerais, a farinha de ossos calcinada, mesclada com a cinza de fogão e fornos de lenha que se encontram no meio rural.

Em relação com a utilização da merda de vaca, está pode ser de certa maneira substituída pela merda de coelhos, porco ou porquinhos-da-índia, carneiros e cabras.  Recordar, quanto mais fresca está a merda, melhor será a qualidade da fermentação e consequentemente melhor será a qualidade dos biofertilizantes que preparamos. Por outro lado, a merda de bezerros recém parido mesclada com um pouco de colostro constituem o inoculo mais revolucionário para se ter o melhor biopreparado.

O leite: Pela experiência, são mais raros os casos dos lugares onde não os podemos encontra-los como ingredientes. No entanto, nos sítios onde podemos encontrar disponível o soro do leite, como nos laticínios, podemos utilizar em substituição do leite; é mas, podemos ir mais além, pois no caso, que se pode substituir a quantidade do volume de água pelo o volume de soro durante a preparação do biofertilizante, obteremos como resultado final um dos melhores biopreparado orgânicos para tratar os cultivos, devendo ser o melhor dos biofertilizantes, principalmente para tratar frutas e hortaliças.

O melado de cana-de-açúcar: É um ingrediente que facilmente os agricultores os vem substituindo pela garapa ou caldo de cana-de-açúcar ou pela rapadura. O caldo de cana elaborado na panela é muito rico em glicose, frutose e sacarose em estado natural; além de conter vitamina A, tiamina e riboflavina.

“Com a nutrição dos solos construímos poupança para os anos futuros e com a fertilização aérea dos cultivos colhemos para um dia.”

Não esquecer que sempre quando modicarmos as quantidades dos próprios ingredientes dos biofertilizantes estaremos frente a uma nova formulação para ser experimentada. (Muita criatividade e boa sorte)

Observe: Na falta dos sais minerais, também podemos substituir os mesmos por 10 quilos de plantas nativas, de preferências colhidas do próprio terreno onde se deseja aplicar o biofertilizante.

 18. Como se devem envazar os biofertilizantes e durante quanto tempo os podemos armazenar?

Podemos envazar em recipiente de preferência escuros, para que a luz não os afete, assim seja de vidro ou de plástico. Outra alternativa e mais comum é deixar o produto no mesmo recipiente no qual foi preparado.
O tempo que se pode guardar os biofertilizantes pode oscilar entre 6 meses e um ano, o ideal é ir preparando de acordo com a necessidade dos cultivos e anotar o volume que se necessita para cada ciclo de aplicações.

  19. Em que cultivo se vem aplicando com maior frequência os biofertilizantes?

Café, nas frutíferas e nas hortaliças, em todas as etapas de desenvolvimento, desde folhosas, em viveiros (nas mudas), no transplantio, até as plantas completar todo seu ciclo produtivo no campo. No entanto, a aplicação destes biopreparado vem incrementando com muito êxito na produção de pastos forrageira (gramíneas e leguminosas) e da mesma forma a produção de milho e feijão. Não esquecer, que, conhecer melhor as exigências nutricionais de cada cultivo, e ao mesmo tempo conhecer a qualidade dos solos que possuímos, são conhecimentos básico que nos ajudarão a diagnosticar, a elaborar uma formula nutricional mais precisa requerida para cada solo e cultivo.

“Os biofertilizantes são a maneira mais fácil de se conseguir a independência da agroindústria dos venenos e ao mesmo tempo colher o êxito em qualquer cultivo e em qualquer território. ”

  20. (Número 26 do livro): Se podem misturar e aplicar os biofertilizantes com outros produtos?

O ideal é não misturar de forma arbitraria os biofertilizantes com outros produtos ou preparados no momento de sua aplicação nos cultivos, pois algumas misturas podem alterar o biofertilizantes original, convertendo o mesmo em uma verdadeira dor de cabeça que poderá colocar em risco os cultivos tratados.
No entanto, pela experiência praticada com os campesinos na América Central e México, viemos observando que é possível mesclar o biofertilizante no momento da aplicação com alguns aderentes naturais como recomendado na tabela:

Materiais alternativos
Quantidade empregada para
cada 100 litros da mistura
Atum ou cactos
2 quilos
Aloe vera (babosa)
2 quilos
Cinza
1,5 quilos
Melado de cana
2 litros
Sabão em pó
100 a 150 gramas
Goma laca (cola pez) cola de carpinteiro
100 a 150 gramas
Fonte: Jairo Restrepo. Taller de agricultura orgância/UAM Campachan-Tejutla-San Marcos, Guatemala, abril de 2001.

Por outro lado, também é possível misturar com urina de animais (vacas, ovinos, etc.) ou soro de leite nos biofertilizantes no momento de sua aplicação nas plantas; a quantidade recomendada é de 5%, ou seja, para cada 100 litros da mistura (água + biofertilizantes) se acrescenta 5 litros de urina ou de soro, o qual também equivale dizer que podemos misturar 1 litro de urina ou soro para cada bomba costal de 20 litros da mistura fina que queremos aplicar.

Outra experiência que se vem desenvolvendo com muito bom resultado e a mistura da Cada sulfocálcica a 3% com a aplicação do biofertilizante, ou seja, se agrega 3 litros da calda sulfocálcica aos 100 litros da mistura de água com o biofertilizante (100 litros de água + 5 litros de biofertilizante + 3 litros de calda sulfocálcica). (...) Esta última preparação possui a finalidade principal de fortalecer a saúde das plantas contra o ataque de insetos e enfermidades como cochonilhas, o “olho de pombo” no cultivo de café; também lança bons resultados no controle de ácaros e no tratamento de árvores frutíferas no desenvolvimento vegetativo, prefloração, pós-colheitas e podas.

Fonte: Manual Prático: O ABC da agricultura orgânica, fosfito e pães de pedra, Jairo Restrepo Rivera . Julius Hensel 
   21. Por que deve-se aprender a preparar os biofertilizantes?

São muitos os motivos ou as razões em que os campesinos devem aprender a preparar os biofertilizantes, entre os quais podemos destacar:

   a.       Pela autonomia que os campesinos consegui em um curto prazo, ao aproximar-se da técnica simples de executar diretamente no campo, com recursos locais gerados na própria propriedade, tais como: estercos, restos, cinzas, farinha de ossos, soro, urinas, rochas moídas, etc.
   b.      Pela independência que se consegui do mercado de insumos e de tecnologias estrangeiras de ciclo dependentes, tais como a compra de sementes híbridas, fertilizantes e venenos caracterizados por sua alta vulnerabilidade econômica ao aumentar constantemente seus preços;
    c.       Pela eficiência e a efetividade quando consideramos ou medimos a produtividade obtida e os efeitos alcançados a curto prazo pelos recursos investidos;
    d.      Porque os biofertilizantes são tecnologias fáceis de adaptar em condições difíceis de campo, a quais podem superar e ser tão produtivas como as convencionais que só funcionam em condições ótimas de clima e dependem de insumos;
     e.      Porque é uma tecnologia que melhora constantemente o patrimônio natural como são: a flora, a fauna, o solo, a água e o meio ambiente;
     f.        Porque é uma tecnologia saudável que fortalece a diversidade mineral da alimentação através da cesta de produtos para o autoconsumo campesino; por outro lado, melhora a nutrição e a saúde dos consumidores ao poder comprar alimentos mais ricos em minerais, proteínas e vitaminas, entre outros;
   g.       Porque é uma tecnologia que tem como base o redescobrimento do conhecimento e a sabedoria campesina, para conseguir o êxito com a sustentabilidade;
    h.      Porque é uma tecnologia do lugar, onde se considera por parte dos campesinos e conhecimento detalhado das características e condições especificas para cada região.

     Biofertilizantes Super Magro
(Fórmula completa)

“Uma das coisas mais importantes que os campesinos conseguem quando aprende a preparar os biofertilizantes fermentados é o poder de reencontrar o conhecimento e a sabedoria, para independência das multinacionais, comerciantes, traficantes de insumos, certificadoras, universidades e o Estado que nos manteve manipulados durantes muitos anos, com enganos de espelhos coloniais (veneno e fertilizantes) da tecnologia. ”

Este é um biofertilizante que desde o início da década de 80 vem revolucionando a agricultura a América Latina.

A forma de fazer este biofertilizante foi idealizada pelo agricultor Delvino Magro com o apoio de Sebastião Pinheiro da Juquira Candirú Satyagraha, no Rio Grande do Sul – Brasil, com sede na Colômbia e México.

Atualmente, sem patente nem propriedade intelectual, estão biorrevolucionando a agricultura na América Latina com a merda de vaca nas mãos dos campesinos.


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