29 dezembro 2018
por Sebastião Pinheiro
Eng. Agrônomo e Florestal
Um dia na comissão
de Agricultura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul apareceu um
professor da Universidade Estadual de Londrina com seu titulo de doutor e disse
a maior asneira que eu ouvi na minha vida. Que o 2,4-D (Ácido
Diclorofenoxiacético) era uma hormona natural. Obviamente que tomou uma boa
mijada minha, mas um outro com mestrado contrapôs que a palestra do mesmo era
muito boa excelente e que concordava que era um produto natural. Isso era na
década de noventa. O pilantra eu já havia chamado de corrupto em uma reunião do
Grupo Estadual de Defensivos Agrícolas - GEDA, onde ambos éramos membros. O
tempo passa e agente envelhece, mas não fica desatualizado, pelo convívio com o
povo.
Ontem tomei
conhecimento que os vinhedos do Galvão Buenos foram atingidos por 2,4 - D
lançado para matar ervas mutantes resistentes à herbicida Glyphosate,
(Glifosato). Fui estudar os velhos livros alemães.
A notícia triste
para o grande investidor em vinhedos e vinhos é que a qualidade de seus vinhos
produzidos a partir das safras futuras, mesmo sem a aplicação daquele herbicida
tóxico, jamais serão da mesma qualidade anterior à intoxicação. Houve uma
alteração no metabolismo das plantas e agora a síntese da rota metabólica do
tanino que engloba aldeídos e ácidos cafeico, cinâmico, ferúlico, clorogenico,
gálico e uma dezena de outros, além de importantes substâncias fitoalexinas,
citosinas, responsáveis pelo sistema imunológico das plantas ficará tolhido de
funcionar e a qualidade do vinho ficará péssima, pois as sínteses dos taninos
não chegarão ao ponto de equilíbrio e oxidação que a variedade produz e os
microganismos requerem. Este é um dos problemas sérios por razões climáticas no
Vale do São Francisco e São Paulo. No Trierer UntersuchungsAmt nos anos 80
havia um Aminosaüreanalizer, que dava a qualidade e quantidade de cada um dos
aminoácidos presentes e garantia a qualidade da fermentação dos taninos e do
produto final.
Eu ousaria
recomendar que o nobre e respeitável jornalista recorresse aos alemães, pois
seus laboratórios assustam até mesmo os melhores especialistas para uma
avaliação do que estou dizendo, pois ele vai precisar, para manter a qualidade
dos seus vinhos, de substituir totalmente seus vinhedos por espécies novas, a
partir de uma desintoxicação do solo com carvão vegetal e tratamento com caldos
microbiológicos especiais (a base de paú), como os que estão sendo feito pelos
técnicos agrícolas da ASPROC, Valdayr e Coquinho com os indígenas Apurinãs em
Lábrea ao largo do médio Purus e nas agroflorestas ao longo do Juruá águas
acima de Carauari.
Uma indenização
pela saúde desses vinhedo é algo de valor inimaginável. Como o refrão do nobre
Galvão durante suas narrações: Pode isso, Arnaldo?. Desafio os professores de
metagenômica, metaproteômica, bonômica e especialistas em transcriptase a dizer
que estou errado.
Não foi necessário
abordar a contaminação em femtogramos por Dioxinas e Furanos clorados que
somados são mais de 200, nem ressaltar que o 2,4-D se sinegiza com resíduos de
Glyphosate (Roundup - Glifosato) usado sob o parrreiral inibindo a síntese do
ácido shikimico e toda a produção de aminoácidos aromáticos que dão qualidade
extra ao corpo do vinho.
É por isso que com
tristeza não posso desejar a ninguém um feliz ano novo, pois não há como
brindar, nem com água.
Peço desculpa aos
ingênuos, esperançosos com o novo ano.
***
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