O texto do zootecnista Ricardo Alexius é muito bom. Possui uma linha de pensamentos cabendo a divulgação neste blog. Em minha opinião, acho que faltou um ponto de interrogação no título: "Queremos confiar no agronegócio?" Eu particulamente quero confiar, desde que:
- seja realmente nosso negócio e não de empresas estrangeiras;
- seja melhor distribuido em Agroindústrias por todo território nacional;
- que nosso Governo pare de subisidiar a compra de Agrotóxicos, Adubos solúveis e sementes transgênicas de empresas estrangeiras; no caso de agrotóxicos e transgênicos de nenhuma empresa;
- que pelo menos uma vez, na hierarquia política do Ministério da Agricultura do Brasil, seja ocupado por uma pessoa ética, com extrema experiência na agricultura familiar brasileira e formação na área e, que não seja um latifundiário;
- que as leis do velho e excelente Código Florestal brasileiro seja botada em prática;
- e que, creio que essa seja a mais importante, todo político do Brasil, para exercer o cargo público perante a nação, que não seje um latifundiário e tenha no máximo 4 módulos mínimos de terra. Eu disse: presidente, ministros, senadores, governadores, deputados, vereadores...
Vamos ao texto...
Queremos confiar no agronegócio
Quando uma empresa desenvolve e pretende lançar no mercado brasileiro um novo agrotóxico, a sua fórmula necessita ser avaliada e aprovada, por exigência legal, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve agir em conjunto com o Ministério da Agricultura e o Ibama.
A semente transgênica a qual alguma empresa pretenda comercializar deve passar pelo crivo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Numerosas notícias, evidentemente não divulgadas pela mídia dominante, dão conta que Anvisa e CTNBio estariam impregnados de ''profissionais'' ligados de alguma forma (monetária) às transnacionais que necessitam burlar as regras dos órgãos governamentais para que seus protutos tóxicos sejam aceitos, e considerados inofensivos à saúde humana e ao meio ambiente.
Enquanto lideranças ruralistas, com generosos espaços na imprensa, alardeiam as benesses dessas ''novas tecnologias'', acreditando na propaganda da famigerada indústria dos pesticidas, um relatório recentemente divulgado na Europa denuncia que membros da agência europeia responsável por regulamentar agrotóxicos e alimentos estão diretamente ligados à indústria que eles deveriam policiar.
Em março último, Angelo Moretto renunciou da EFSA PPR Panel, a comissão de Produtos para a Proteção de Plantas e seus Resíduos da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, depois de conflitos de interesses, uma vez que o pesquisador está ligado a uma empresa de consultoria chamada Melete Srl., fundada para ajudar empresas a cumprir as determinações da agência europeia Reach, que regulamenta o uso de substâncias químicas, assim como a Anvisa no Brasil.
Entretanto, essa ligação é apenas a ponta do iceberg. Moretto é apenas um dos vários membros da EFSA ligados ao International Life Sciences Institute (ILSI), uma organização dos EUA fundada por multinacionais de agrotóxicos, substâncias químicas, sementes transgênicas e indústrias alimentícias. Os patrocinadores do ILSI incluem a Monsanto, Basf, Bayer, ADM, Cargill, DuPont, Kraft, Mars, Syngenta e Unilever.
O título do relatório, na tradução livre do inglês, seria ''Reguladores europeus sobre agrotóxicos e segurança dos alimentos - para quem eles trabalham?''. Claire Robinson, sua autora, diz que ''o ILSI se dedica a redesenhar processos de avaliação de risco de agrotóxicos, substâncias químicas e alimentos transgênicos nos EUA e na Europa. A organização se apresenta como imparcial, mas suas recomendações científicas seguem a tendência de reduzir os custos e o rigor dos testes de segurança. Isto atende bem à indústria, mas coloca a população em risco de saúde''.
Se essas transnacionais agem sorrateiramente no mundo inteiro, como vamos acreditar nas falácias do nosso agronegócio que ludibria o agricultor, prometendo lucratividade, inclusive a ponto de convencê-lo que devemos derrubar mais e mais florestas para ''salvar o povo do flagelo da fome''? Escravos é o que seremos quando essas multinacionais dominarem a política alimentar, ditando preços de sementes, de royalties, de adubos químicos e de venenos.
RICARDO ALEXIUS é zootecnista especialista em Ciências e Educação Ambiental em Medianeira
Enquanto lideranças ruralistas, com generosos espaços na imprensa, alardeiam as benesses dessas ''novas tecnologias'', acreditando na propaganda da famigerada indústria dos pesticidas, um relatório recentemente divulgado na Europa denuncia que membros da agência europeia responsável por regulamentar agrotóxicos e alimentos estão diretamente ligados à indústria que eles deveriam policiar.
Em março último, Angelo Moretto renunciou da EFSA PPR Panel, a comissão de Produtos para a Proteção de Plantas e seus Resíduos da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, depois de conflitos de interesses, uma vez que o pesquisador está ligado a uma empresa de consultoria chamada Melete Srl., fundada para ajudar empresas a cumprir as determinações da agência europeia Reach, que regulamenta o uso de substâncias químicas, assim como a Anvisa no Brasil.
Entretanto, essa ligação é apenas a ponta do iceberg. Moretto é apenas um dos vários membros da EFSA ligados ao International Life Sciences Institute (ILSI), uma organização dos EUA fundada por multinacionais de agrotóxicos, substâncias químicas, sementes transgênicas e indústrias alimentícias. Os patrocinadores do ILSI incluem a Monsanto, Basf, Bayer, ADM, Cargill, DuPont, Kraft, Mars, Syngenta e Unilever.
O título do relatório, na tradução livre do inglês, seria ''Reguladores europeus sobre agrotóxicos e segurança dos alimentos - para quem eles trabalham?''. Claire Robinson, sua autora, diz que ''o ILSI se dedica a redesenhar processos de avaliação de risco de agrotóxicos, substâncias químicas e alimentos transgênicos nos EUA e na Europa. A organização se apresenta como imparcial, mas suas recomendações científicas seguem a tendência de reduzir os custos e o rigor dos testes de segurança. Isto atende bem à indústria, mas coloca a população em risco de saúde''.
Se essas transnacionais agem sorrateiramente no mundo inteiro, como vamos acreditar nas falácias do nosso agronegócio que ludibria o agricultor, prometendo lucratividade, inclusive a ponto de convencê-lo que devemos derrubar mais e mais florestas para ''salvar o povo do flagelo da fome''? Escravos é o que seremos quando essas multinacionais dominarem a política alimentar, ditando preços de sementes, de royalties, de adubos químicos e de venenos.
RICARDO ALEXIUS é zootecnista especialista em Ciências e Educação Ambiental em Medianeira
2 comentários:
Aí, colega
Gostei de suas colocações, principalmente "que pelo menos uma vez, a hierarquia política do Ministério da Agricultura do Brasil seja ocupada por uma pessoa ética, com extrema experiência na agricultura familiar brasileira e formação na área, e que não seja um latifundiário"
Se vc gosta desta linha de pensamento, visite meu blog www.guardafogo.blogspot.com
Grato, Ricardo.
Acompanho seu blog também, a pegada deveras ser por aí, parabéns! Abraços
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