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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Prefácio para reedição de “A Máfia dos Alimentos no Brasil”



Prefácio para reedição de 
“A Máfia dos Alimentos no Brasil”

 Sebastião Pinheiro

Prezado leitor, o livro que tens às mãos, foi escrito na virada do Século XX, quando a preocupação mundial era com o “Bug do Milênio” e uma escalada de propagandas baseadas em medo e terror foi montada sobre o tema. Retorno a ela pois era inusitada e provocou muito impacto, mas na época, nossa intenção era incorporar as nutricionistas no tema da produção de alimentos frescos e naturais, e que elas necessitavam conhecer algo do mundo da agricultura que às revelassem a poderosa “indústria de alimentos”, uma mera manufatora de transformação dos alimentos produzidos por eles em ação ultrassocial, através da transformação do Sol em cadeias de Hidratos de Carbono, Gorduras e Proteínas, mas desvitalizados e contaminados por ela.

Hoje o problema que afeta a todos é a mudança climática. Nele o extermínio/extinção das abelhas,  vítimas da agricultura que destrói a biodiversidade, e envenena os alimentos, está na ordem do dia também pelas poluições ionizantes.

Na questão da mudança climática há os oportunistas que ultrapassam sua formação técnica e não se sabe a evolução, pois há correntes com meios e fins também antagônicos. Isso não houve na época do “bug”. Será uma evolução no nível de informações ou em suas manipulações pelo poder?

A situação é de confronto e onde o poder não foi competente na educação, bem estar social e qualidade de vida de forma hegemônica há a necessidade de manejar os algoritmos antes aplicados em decisões militares de inteligência. Usar mecanismos de propaganda e desinformação para manter a ignorância, a alienação e a comodidade a suprir as deficiências de infraestrutura, serviços, direitos e gestão administrativa. 

Durante 500 anos as maiorias foram tratadas e segregadas como exóticas minorias inferiores. As elites aliadas aos grandes interesses (neo)coloniais consolidaram um poder a seu serviço, antidemocrático e totalitário, até a recente distensão como um laboratório social, quando as minorias ganharam eleições e governo, mas não poder, apenas podiam fazer o que o sistema financeiro mundial necessitava, sem permitir que a educação consolidasse a identidade cultural sufocada durante cinco séculos.  A propaganda populista foi eficiente em dar continuidade na oferta de comodidade, alienação e ignorância, e nada mudou.

Aos governantes faltou habilidade para atender anseios e logo vimos a reação das elites através dos meios de informação, consumo e educação.  As quarteladas não tinham mais espaço, por consciência dos cidadãos dos países centrais que bem conhecem seus governos e suas ações além fronteiras e mares.  A solução vimos em todos os países da América Latina, quando necessária, em particular no Paraguai, Brasil, Peru com processos legislativos. Era de se esperar o recrudescimento nas eleições.

Há um início do refluxo, após aquelas minorias expressarem o erro de haver permitido voz e vez aos miseráveis. Tentam recuperar o tempo “perdido” e sanar o mal de haver compartilhado tempo e espaço com pessoas que adquiriram algo de informação, dignidade e capital crematístico… É nossa realidade não só continental, mas mundial, onde países se negam aceitar refugiados, pois não reconhecem erros, nem admitem uma remediação e buscam enclausurar-se após a globalização homogeneizadora para o consumo. 

Eles necessitavam consolidar o viés democrático e uniformizar financeiramente o mundo para uma OMC sólida e mais rentável, mas a estagnação impedia a rentabilidade no capital financeiro. Logo a levas de refugiados foram repelidas à sua sorte longe das fronteiras dos países ricos.

Hoje os instrumentos autoritários são a mentira em diversos níveis, o fanatismo “religioso” que estarrece “a terra é plana”, “orgasmo é socialismo”, “o agro é pop, tech, tudo” e muitas outras.

São massas gremiais usurpando fé e crença em clubes imitando filigreses, para arrecadar/votar em picaretas que atuam como proxeneta de carências de Educação, Estado, Governo e Espiritualidade. Observem que a Educação está antes de Estado, pois nela não há espaço para ideologia, crença que são intervenções de interesse econômico de governos e religiões.

Esse livro foi motivado por algo que presenciamos na Bahia em um luxuoso hotel na costa do Sauipe na noite anterior ao início de um Seminário sobre cultivos Transgênicos organizado pelos Ministérios Públicos naquele Estado.

Assisti a uma discussão em uma mesa de jantar, e não de debate, onde um especialista, com as máximas graduações acadêmicas e professor universitário sobre genética e “melhoramento vegetal” se posicionava contrário aos cultivos geneticamente modificados. Foi repelido com inusitada veemência, gostaria de dizer má educação pelo então senhor presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos. A agressividade foi tal que o professor acuado ficou perplexo.

Este misero mortal, sem eira nem beira, extasiado com a agressividade do gremialista industrial, não-sindicalista se perguntava: em que se arvora este senhor para defender algo que técnica e cientificamente ignora? Já não bastam os funcionários públicos corruptos, alienados e os especializados que defendem um produto comercial clandestino introduzido criminosamente no país e induzidos que isso vantajoso, mas sem análise criteriosa. 

Formular questões e obter respostas é ação de avançada circunscritas aos filósofos que necessitam de uma formação tão complexa quanto a eclesiástica. Aquilo não tinha cabida. A memória nos transportou ao discurso do ex-vice presidente dos EUA no governo de F. Roosevelt, dono da maior produtora de sementes patenteadas do mundo Pionner Hybrid o Sr. Henry Agard Wallace, enviado ao México como Embaixador Plenipotenciário em 1930.

Ele ao observar a estrutura milenar de produção de sementes naquele país enviou documento (classificado em 1930), e posteriormente, discursou na Universidade de Chicago (criada pelo grupo Rockefeller pela lei de diversificação de atividades econômico-financeiras) dizendo que se o México mantivesse aquela estrutura de produção de sementes jamais os EUA entrariam naquele mercado com o comércio de suas sementes protegidas por tecnologia.

Naquele momento começava a preparação da Revolução Verde nos vales dos Três Rios sobre os territórios da Reforma Agrária Mexicana em Sonora nos rios Yaco e Mayo, lançada no discurso do presidente Harry Truman com o pomposo nome de “Ponto Quatro” em 20 de janeiro de 1949 há setenta anos. No prefácio da primeira edição nos referimos  à Revolução Chinesa como vermelha, o nome dada a essa revolução foi de “Revolução Verde”, em analogia a cor da moeda dos EUA sabendo que seu Banco Central é privado desde 1913 (Federal Reserve System).

O tempo passou e o Secretário de Estado dos EUA Sr. Henry   Kissinger em discurso afirmou, para controlar um povo e um país é suficiente controlar sua produção de alimentos ou seu estomago e a China durante cem anos teve seu estomago controlado e foi obrigada a drogar-se sem poder coibir o livre comércio e consumo de drogas. O que provocou duas Guerras dos Boxers e a caricatura do país sendo dividido como umas pizza pelos países imperiais.  

Por favor, não podia haver motivo maior pelo que me debrucei sobre o tema e comecei a escrever este livro. Se passaram duas décadas e o que era feio piorou sobre maneira pelo que os leitores merecem pelo menos um prefácio contextualizado, pois o chinês de 20 anos atrás não era nem imaginado do que é hoje, quando determina políticas públicas em todos os quadrantes do mundo.

Estamos vendo a mineração a céu aberto de carvão de baixa qualidade com a poluição da área metropolitana de Porto Alegre, expulsando Assentados da Reforma Agrária que são os maiores produtores de arroz orgânico do planeta; contaminando com Mercúrio, Radionuclídeos e Arsênico as reservas de água do Banhado Grande, Lagoa dos Patos e Aquífero Guarani.  Será que merecemos  isto que mais parece uma vingança mal ou enfocada. Ou somos ingênuos?

Impérios não possuem ética, moral ou ideologia, apenas meios e fins lucrativos.
  
Sobre a “Revolução Verde” do império decadente, no final do Século XIX e início do XX o governo mexicano já tinha projetos  de represas para produção de energia elétrica e irrigação nos vales Yaco e Mayo em Sonora uma planície com mais de 330 mil hectares com um solo com uma média de 3,5% de Matéria Orgânica. Este território foi um dos primeiros a ser transformado em área de Reforma Agrária Mexicana após a Guerra Civil (1910-1919).

A ingenuidade na consigna “Terra e Liberdade” (Zemlya i Voyla, dos narodniks) não se preocupou com a Educação e Ideologia do Desenvolvimento e os jovens filhos de camponeses com formação militar no ensino superior do poderoso império, induzida pela General Education Board da Rockefeller Foundation não souberam dar importância à “Questão Agraria” e “Modelo de Agricultura” fechando com o “Território”, o triângulo do Biopoder Camponês.

O império já tinha seu triângulo e atuou sobre o vizinho em ação bem mais nefasta que a anexação dos territórios do norte (Califórnia, Texas, Arkansas, Nebraska e Novo México). Os líderes foram exterminados e a agricultura lentamente dominada. A sorte é existir um tipo de agricultura único e que tinha mais que território, tinha a questão agrária e o modelo agrícola em seu triângulo genuíno que garante chegarmos aos dias de hoje.

Cem anos de Revolução Verde, o resultado é que o solo dos vales dos Três Rios tem apenas e tão somente 0,05% de Matéria Orgânica, estando literalmente mortos em todas suas latitudes. Mas, com a cromatografia de Pfeiffer é muito fácil os próprios camponeses começar a restaurarem a fertilidade, saúde e equilíbrio da matéria orgânica, microrganismos, sua metagenômica e metaproteômica nos solos de cada propriedade na construção do Biopoder Camponês pela restauração do Clima no Planeta.

Criminosamente o agronegócios desseca livremente os cultivos com herbicidas (Gramoxone, Glyphosate e similares) e utiliza 2,4-D e similares para controlar as ervas daninhas mutantes invasoras originadas pelo uso de sementes transgênicas. Todos alimentos são legalmente contaminados com quantidades dez mil vezes maior que as proibidas há vinte anos atrás.

A catástrofe das abelhas tem relação com um novo tipo de inseticida, os neonicotinóides, que são tóxicos para abelhas em níveis de 0,004 ng/abelha Melipona (1x10-12 da grama).  Igual que o Glyphosate e muitos outros eles são componentes de armas binárias, (aquelas formadas por dois componentes que só se tornam extremissimamente tóxicos quando se misturam).

Em Michigan um jovem misturou fumo de rolo na carne moída destinada a elaboração de hambúrguer e intoxicou algumas centenas de consumidores. Descobriu-se que as etnias humana possuem taxa de metabolização do sistema citocromo (CYP2A6) diferentes, pois vários afrodescendentes ficaram hospitalizados.

O valor mundial do comércio de mel é pouco mais de 3 bilhões de dólares, contudo o valor do trabalho de polinização das abelhas é superior a 300 bilhões de dólares/ano.  O que torna  um absurdo o uso de Neonicotinoides, venenos extremamente tóxicos para polinizadores.

Na II Guerra Mundial o cientista alemão, Prêmio Nobel Richard Kuhn em colaboração com Konrad Henkel criaram o SOMAN  um metil fosfonato muito similar ao Glyphosate (metil Phosphonyl glicina, M 687) que possui 4 isômeros quirais, milhares de vezes mais tóxicos.

É sabido que as fábricas de agrotóxicos funcionam nos tempos civis, mas estão prontas para uma pequena mudança para produzir seletivamente apenas esses isômeros quirais para guerra.
Isto justifica a suspeita que o desenvolvimento de Neonicotinoides visa subsidiar o desenvolvimento das pesquisas para implementar o setor militar de armas binárias com finalidade étnicas.

A transformação ultrassocial do Sol em cadeias de Hidrato de Carbono, Gorduras e Proteínas é algo tão magnifico e necessário, que é anomia o uso de venenos de guerra em alimentos como tecnologia.  Nenhum ser vivo vive sem alimentos e somente as cinco espécies ultrassociais fazem agricultura, logo o ato de comer não é consumo como de interesse da indústria de alimentos. É uma necessidade existencial, logo permitir que o alimento envenenado não tenha regulação como se isso fosse normal,  e de outro lado exigir restritas normas de produção para os alimentos sem veneno, que são vendidos mais caro é uma ofensa à humanidade, senão mais, no mesmo plano do desenvolvimento de armas binárias étnicas (eugenia às avessas).

Educar para a gastrosofia é a função do nutricionista, onde a qualidade do alimento substitui a incompetência da agricultura moderna com suas quantidades, que não  foi de alimentos, mas de acúmulo de capital, poluição e devastação, até do clima do planeta.

Felizmente as nutricionistas, podem melhor que os agrônomos explicar para a população que, quando o solo é saudável, sementes sãs, na agroecologia as plantas crescem saudáveis sem a necessidade do uso de agrotóxicos e a produção é de melhor qualidade nutricional para todos, pois não é consumo, é remédio para a cura, também em nível espiritual conforme postulou Hipócrates.

Boaventura de Souza Santos ensina que em uma sociedade onde o rico pode pagar mais caro e o pobre é obrigado a comer com resíduos de venenos, não é igualitária e democrática.  Ao contrário é uma sociedade perversa e fascista.

Fica para mim, então, entender todos os líderes gremialistas que não sabem a função ultrassocial dos alimentos ao discutirem os transgênicos com aquele amigo cientista. Nas aulas na Argentina era muito comum a figura do asno pastejando nos jardins de um palácio…  Para ele só existia grama.  


Uma boa leitura sempre desperta.
                                                                                   Primavera austral de 2019.


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