Embaixadores do esgoto

 Publicado em 03 de dezembro no Facebook.

por Sebastião Pinheiro 

Hoje é um dia atípico, pois é uma recordação de uma das maiores catástrofes da humanidade. Não podemos comparar com o Incêndio no Sandoz, na Suíça, dois anos depois, quando na época foram gastos 6 bilhões de euros para controlar a poluição do Rio Reno, que voltou a ser contaminado pelo o que ocorreu anteriormente, foto. É que ali não houve mortes, mas em Bhopal na Índia houve oficialmente 5 mil mortes inocentes e 700 mil vítimas de acordo com as autoridades de Uttar Pradesh com natimortos sequelados até dez anos depois.

Na época, fomos chamados pelo arcebispo Dom Adriano Hippolito de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, para saber o risco que corria a prelazia por conta das medidas tomadas pela Bayer, com panfletos distribuídos à população, para em caso soassem sirenes, corressem olhando para as birutas contra o vento... Isso está registrado na obra-prima de Frederico Füllgraf gravada no filme Dose Diária Aceitável.

É que ali a matéria-prima usada para sintetizar os inseticidas fosforados era o Isotiocianato de Metila, que deu à luz crianças sem olhos na Índia. Recordo que na época os hipócritas das margens do Rio Reno diziam que a causa do acidente se devia à retirada dos diretores europeus da administração da empresa Unión Carbide, que logo venderam a empresa para limpeza da imagem e evitar prejuízos na ações nas bolsas internacionais.

É importante comemorar isso, quando um governo usa a liberação de venenos ultrapassados ​​e já proibidos de serem fabricados e usados ​​em todos os outros países como pretexto fingindo a cidadania, quando na verdade comete o crime de permitir lucratividade as empresas com produtos já retirados do mercado internacional por segurança/saúde/meio ambiente.

As ações devem ser movidas contra a empresa em tribunais internacionais. Quando a sociedade mexicana e seu governo decidiram impedir a importação de um produto, foram os governos hipócritas defendendo suas empresas genocidas que, por meio de seus "emissários", lia-se "embaixadores do esgoto" a não suspensão da importação do produto. A luta segue e segue.

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