21 de fevereiro
Por Tião
O jornal da CDMX La Jornada de Domingo 21 de fevereiro de 2021 traz uma matéria que dá arrepios em um Brasil caótico:
São tempos especialmente enlouquecidos em um país que está submerso em um caos absolutamente descontrolado.
Na última sexta-feira e por uma vantagem avassaladora - 364 votos contra 130 e três abstenções - a Câmara dos Deputados confirmou a prisão de um de seus pares, Daniel Silveira, determinada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. E quem é Silveira? Um ex-policial militar carioca (RJ), que nos oito anos que esteve na corporação sofreu inúmeras detenções, prisões e repreensões, mas que se tornou conhecido por ser um dos mais perfeitos exemplos dos ultra radicais seguidores da extrema direita Jair Bolsonaro.
A prisão se deu por conta de um vídeo de 20 minutos veiculado nas redes sociais em que Silveira ameaça integrantes do Supremo Tribunal de Justiça brasileiro, abordando-os com iguarias como "vocês são a nata da bosta" (literal) e convocando a volta da ditadura.
E como reagiu Bolsonaro, seu guia e inspirador? Com um silêncio absoluto.
Uma derrota para seus seguidores mais radicais? Sim. Até quando? Não se sabe. Sobram os militares espalhados pelo governo, membros de uma geração crescida à sombra da ditadura (1964-1985), que têm no presidente um guia brilhante.
Na mesma sexta-feira, completou-se um mês com a média diária de mortes por coronavírus ultrapassando a marca de mil.
Foram muitos os dias em que se registrou uma morte por minuto, ante a total e absoluta ineficácia do ativo general do exército, Eduardo Pazuello, e de todos os uniformizados que se espalharam por cargos antes ocupados por médicos, pesquisadores e cientistas, no Ministério da Saúde.
A vacinação foi suspensa por falta de imunizantes. O Brasil, que tem - ou teve - um dos sistemas de imunização mais precisos do mundo, referência global, poderia estar inoculando 10 milhões de pessoas por dia. Em um mês, vacinou pouco mais de 5 milhões.
E por que faltam vacinas e suprimentos para produzi-los? Porque Bolsonaro não os comprou, porque optou por recomendar um "tratamento precoce" com o uso de medicamentos que se mostraram ineficazes e com alto risco de efeitos colaterais negativos, e porque continua a acreditar que o coronavírus nada mais é do que “uma gripizinha” inventada pelos comunistas chineses.
Mas tem mais: nessa mesma sexta-feira, Jair Bolsonaro anunciou formalmente que vai destituir o economista ultraliberal Roberto Castello Branco da presidência da estatal Petrobras.
Desde que o governo de Michel Temer, que substituiu Dilma Rousseff, demitida em decorrência de um golpe institucional, a Petrobras foi se desmantelando gradativamente.
Com Bolsonaro e Castello Branco o processo se acelerou.
Por que removê-lo? Porque a empresa seguiu o parâmetro determinado pelos preços internacionais dos combustíveis, o que provocou a ira dos caminhoneiros, um dos baluartes de apoio do Bolsonaro.
E quem vai substituir o ultraliberal Castello Branco? Pois é, o general aposentado, Joaquim Silva e Luna, que até agora presidia a binacional brasileiro-paraguaio Itaipu da eletricidade.
O que ele sabe sobre uma empresa de petróleo? O mesmo que eu sei sobre a vida íntima de Lady Gaga.
Duas coisas caminham lado a lado, e cada vez mais próximas, nestes tempos caóticos do Brasil: a destruição de tudo o que foi conquistado desde a volta da democracia em 1985, após 21 anos de ditadura militar e a crescente militarização do governo eleito em 2018, o qual é chefiado por um tenente indisciplinado que só ascendeu ao posto de capitão depois de ser expulso da milícia, como é norma no país.
Também naquela época soube-se que a censura voltou, com a Secretaria Especial de Cultura, vinculada ao Ministério do Turismo, recusando a liberação de recursos para projetos considerados de esquerda, com a convocação de venda de livros didáticos que proibiam termos como " democratização” em seu conteúdo, e com a não liberação de recursos aprovados para a produção audiovisual.
Apurou-se que o orçamento da educação pública nacional caiu para os níveis de 2010, que 71% dos indígenas - que teoricamente estariam no grupo de imunização preferencial - não foram vacinados, que um projeto de lei presidencial liberou a compra de armas e munições (cada cidadão pode adquirir até 60 armas e 5 mil munições por ano).
A extrema-direita Jair Bolsonaro continua em peregrinação pelo país, com a obsessão de se reeleger em 2022.
A economia está afundada, o desemprego atinge cerca de 14 milhões de brasileiros; o país voltou ao mapa mundial da fome, do qual havia sido tirado por Lula da Silva; a pandemia está correndo a solta e crescendo fora de controle; a imagem do país derrete como um picolé ao sol, mas não há como deter a mão genocida.
Dias piores virão sob o governo militarizado, com os mais retrógrados no exército, e não há nada a fazer.
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