MATÉRIA ORGÂNICA MUMIFICADA

 

15 de fevereiro

Por Sebastião Pinheiro 

 ATENÇÃO, UTILIDADE PÚBLICA

 Um agrotóxicos não pode ser utilizado diretamente pelo consumidor, são raras as exceções. Normalmente é formulado, ou seja, misturado a uma série de substâncias que lhe permite maior eficiência, segurança, durabilidade, conservação e estabilidade ao ingrediente ativo (princípio ativo) reconhecido pelas siglas i.A e P.A.) nas mais variadas condições de uso.

  Essas substâncias são denominadas de Adjuvantes, Coadjuvantes, Inertes e englobam uma fantástica série de substâncias desde emulsificantes, até antioxidantes e protetores à luz solar, todos eles protegidos por patentes industriais, por isso não são muito bem conhecidos.

 Na década de 1970 do século XX no Brasil havia algo muito estranho, essas substâncias foram dispensadas da apresentação de dados toxicológicos sob a alegação de baixarem seus preços. Nos EE.UU. e países da CEE não era assim, pois era uma questão toxicológica e eco-toxicológica muito importante, pois muitas vezes um i.A. tem uma meia-vida de horas ou dias, enquanto um emulsificante, surfactante ou outro adjuvante e inerte pode ter meia-vida de vários meses ou anos com um impacto maior do que o princípio ativo. Por isso que é necessário conhecer a biofísico-química de cada uma dessas substâncias isoladamente e na formulação, e natureza.

 A legislação internacional não considera como adjuvante ou adjuvante qualquer substância que tenha ação tóxica isoladamente ou na formulação por motivos óbvios, mas quando houve a portaria regulatória do M.A no Brasil isso foi ignorado.

 O trabalho científico *"Visão da confusão sobre coformulantes surfactantes em herbicidas T à base de glifosato" por Robin Mesnage, Charles Benbrook, Michael N. Antoniou (do Grupo de Expressão Genética e Terapia, King's College London, Faculdade de Ciências da Vida e Medicina, Departamento de Genética Médica e Molecular, 8º Andar, Tower Wing, Guy's Hospital, Great Maze Pond, Londres) mostram a dimensão da profundidade do tema.

 O solvente do i.A. glyphosate, de estrutura cristalina por ser um sal é seu surfactante extraído do sebo animal (tallow), que é tratado industrialmente para lhe dar estabilidade, com algumas variações protegidas por patentes industriais. A mais famosa era a amina de sebo Polyethoxylated (ou polioxietilenamina, POEA) depois que cada país fez sua variação sobre essa molécula para obter sua patente. Os argentinos usam uma variante do nome "Surfonic", mas como todas as outras são patentes da Bayer-Monsanto.

O que nos interessa e é a parte do trabalho científico é que todos esses surfactantes são muito tóxicos, até cinco vezes mais tóxicos que o "i.A." do Glyphosate. Encontrar esses dados não é fácil, pois tudo é secreto e protegido por patentes. No Ejido de la Reforma Agraria del Movimiento de los Trabajadores Sin Tierra - MST- 19 de agosto em Guaíba, RS, atendemos a denúncia de nosso amigo e colega Edson C. de seis vacas leiteiras holandesas mortas ao comer o gramínea “boiadera” ((Leersia hexandra)) que havia sido pulverizada com Roundup nos dias anteriores.

 As vacas compradas com créditos da Reforma Agrária morreram em poucas horas com muita espuma saindo pelas narinas. Em apoio ao amigo, fomos ao Ministério Público Estadual e assustados, pois não sabíamos em detalhes a toxicidade do herbicida, mas sabíamos que seu uso nas montanhas e florestas estava proibido nos Estados Unidos por matar outro herbívoro, o veado de cauda branca e preto e alces. O vizinho que invadiu o terreno e aplicou o veneno indenizou imediatamente os animais pela ação do Ministério Público, mas começamos a estudar e ficamos assustados com os dados da U.S. EPA do governo yankee os surfactantes sinergizaram o efeito do herbicida.

 O tempo passa e a velhice espreita, a partir de 2003 passamos a observar que nos solos onde se usa o Glifosato a matéria orgânica fica paralisada, e utilizamos a expressão “matéria orgânica mumificada”. Agora, procurando uma técnica camponesa para determinar seus danos à saúde das abelhas e ao Clima, descobrimos que a situação é mais grave. O surfactante bloqueia a vida microbiana do solo por meio da inibição de enzimas do solo e promove algo semelhante à disbiose, pois vai eliminando seletivamente os microrganismos mais importantes, deixando os mais rústicos até a sua extinção.

 Isso pode ser medido pela Cromatografia de Pfeiffer com treinamento e acompanhamento como nas fotos acima.

A questão é que a inibição dos microorganismos no solo e o disrupção no Ciclo da Matéria Orgânica Antropogênica é um sério efeito para prevenir o pool de armazenamento de Gases de Efeito Estufa no Solo, com a eliminação do Carbono Orgânico Solúvel, (S.O.C., por sua sigla em Inglês ), além de alterar o Ácido Húmico conjugado com o Glifosato por longo período no solo. Isso é muito sério em biomas como Caatinga, Cerrado, Pantanal e Amazônia, onde o conteúdo de Matéria Orgânica do Bioma é rapidamente destruído com sérios danos climáticos.

 O desafio proposto é realizar uma série de análises por Cromatografia de Pfeiffer para determinar esses impactos e adotar medidas sérias, já que é muito fácil e barato detectar o Surfactante Glifosato e construir o Atlas de seus danos (fotos).

 *“Insight into the confusion over surfactant co-formulants in glyphosate-based T herbicides” de Robin Mesnage, Charles Benbrook, Michael N. Antoniou (del Gene Expression and Therapy Group, King's College London, Faculty of Life Sciences & Medicine, Department of Medical and Molecular Genetics, 8th Floor, Tower Wing, Guy's Hospital, Great Maze Pond, London)