Embrapados, onde está a quebra do paradigma?

"Só um conhecimento muito mais profundo de nós próprios pode dar remédio a este mal. Graças a ele, veremos por mecanismos a existência moderna afetar a nossa consciência  e o nosso corpo, saberemos como adaptar-nos a esse meio, como defender-nos dele, e também o que lhe substitui no caso em que uma revolução se tornasse indispensável. Mostrando-nos o que somos, as nossas potencialidades, e a maneira de as atualizar, esse conhecimento dar-nos-á a explicação do nosso enfraquecimento fisiológico, das nossas doenças morais e intelectuais." 

A. Carrel

15.XIX.2019

Por Sebastião Pinheiro

Fantástico! A maior empresa de “pesquisa” na América Latina, que sustenta o Modelo de Agricultura (agronegócios) sem vinculá-lo com o Território, nem com a Questão Agrária para desterritorialização e alienação pelo capital financeiro imperial foi autorizada por seus preceptores, em desespero, pela grande crise, a lançar ao mercado seu neopacotes tecnológico com as franchising ou franquias desenvolvidas pelas grandes corporações que deixaram a matriz tecnológica da agroquímica e trazem os produtos patenteados da agrobiotecnologia. Finalmente chegaram os biofertilizantes, caldo biotecnológicos e fermentos para compostas e paú contra as mudanças climáticas

Por que só agora? Sim, desde 1873, quando foi iniciado o controle com Bacillus Thurigiensis na Alemanha e 1893 com o registro e a venda do Alinit, o primeiro Biofertilizantes com Bacillus Subtilis da Bayer®, esperávamos isso. É óbvio que demorou mais de 150 anos pois as Primeira e a Segunda Guerra Mundial com a química foi muito mais lucrativa e abriu um mercado com um Modelo de Tratamento de Saúde, Território e Questão Sanitária identicamente aos descritos para a agricultura. Isso foi fácil de conseguir, com base em um padrão de educação industrial para o Centro e outro para a Periferia servil, devido ao descompasso do tempo.

Agora existe uma crise mundial com as corporações incendiando o mundo para expandir suas fronteiras agrícolas sobre a natureza como um ato consumado, como o exemplo de Júlio César ao queimar as pontes sobre o rio Rubicon na Lusitânia, mas os “Consumidores da Matrix” clamam por "esperança", através de produtos industriais.

Desde 1961, devido à coragem de Rachel Carson ao receber sua condenação capital, passamos a denunciar a agroquímica, fertilizantes e todo o modelo de dominação ampliado após a Segunda Guerra Mundial, sem controles na periferia do mundo para a corrupção e ideologia. Uma ação maior que a da subversão instigada para obter polarização e repressão. O ativismo científico e tecnológico passou a ser o franco-atirador contra os oficiais do poder, que hoje por carência cultural é chamado de "snyper".

O poder nos últimos 50 anos foi lentamente transferindo suas empresas obsoletas para se modernizarem na Guerra Fria e, finalmente, migrou até a China para a última estrela.

Entender a ação de um franco-atirador contra "agrotóxicos", "fertilizantes químicos", "sementes camponesas" e muitos outros segmentos e setores não é nada fácil. Tomemos um exemplo: poucas pessoas conhecem Ludmila Plavlichenko. Uma doce jovem ucraniana nascida em Bila Tserkva, uma mãe muito jovem e quem estudava história na Universidade para ensinar nas escolas e aos filhos de seu povo... A guerra da Crimeia (1853-6) foi algo que ela estudou e eram já raros os remanescentes. Conflito em que russos e franceses buscavam levar suas respectivas Igrejas sobre os Otomanos, Karl Marx disse: "Os franceses não fazem nada e os ingleses os ajudam o mais rápido possível..."

Ao ter seu país invadido pelo fascismo, como a nossa agricultura, se apresentou para o Exército Vermelho sabendo que precisava transformar de porta-voz do passado orientador do futuro com respeito a seus protagonistas e heróis. Ela passou a ser a executora de ações furtivas sob seu controle para que nada fosse esquecido, alterado ou destruído.

Para entender isso é necessário ler a Fábula de Esopo, "O homem e a serpente" e depois perceber que ninguém poderia ajudá-la. Dos 2.000 iguais a ela, 1.500 foram eliminados pelo inimigo... Ela foi a primeira geração educada para uma outra Sociedade com funções claras de apagar a velha, corrigir e construir a nova através de suas aulas de história, agora transformada em uma Mosin Nagant 91/30, antigo, mas mais preciso do que o seu semi-automático SVT-40...

O franco-atirador, destrói a organização e a ação inimigas, abatendo sua burocracia e quadros mais proeminentes... Todos conhecem a saga de Vassily Zaitsev & Ivan Sidorenko, mas Ludmilla ultrapassou a ambos, combatendo os invasores romenos da "Barbarossa" com 187 oficiais e depois com 257 alemães pelo que está entre os dez melhores do mundo ... De tal forma que ela foi convidada a visitar a Casa Branca pela Sra. Leonor Roosevelt (foto) por sua contribuição para um mundo sem fascismo.

Na última foto está Karin Magnussen, uma cientista nazista que trabalhou sob o comando do barão Otmar Verscheur e parceira de Josef Mengele, afogada no Brasil, ela se encarregava de retirar os olhos das crianças em Auschwitz-Birkenau para estudos de pigmentação (genética)...

Os franco-atiradores da agricultura camponesa dispararam biofertilizantes, farinhas de rochas, sementes camponesas, quitosanos, sideróforos, paú indígena contra as mudanças climáticas, manejo de RNS, ROS e muito mais que isso, a consciência do Biopoder Camponês.