"o movimento agroecológico também pode ser descrito como recampesinação" V. Toledo (2011)
27 de maio
por Oliver Blanco*
“Transição Agroecológica” é um termo criado pela
comunidade científica dos Estados Unidos e Europa, financiados por banqueiros
Rockefeller & corporações imperialista agroalimentares e agora pela
Fundação Bill & Melinda Gates para dar o tempo necessário, para que a
periferia científica da América Latina se recicle da domesticação e consumo da
Agricultura Industrial (Agronecrócios) com seu pacote genocida de insumos
mercadológicos.
Transição Agroecológica não se dá no sistema
produtivo, mas no tempo necessário para que um conjunto de unidades camponesas
construa uma cooperativa forte, seja a montante, de produção de manufaturas
camponesas - “bioinsumos” - para a reprodução do sistema produtivo e manutenção
da fertilidade do solo, e a jusante (processamento e comercialização). O
coletivo organizado (com disciplina e estudo) para reprodução e uso dos recursos
naturais é a alternativa para a quebra do capital corporativo.
A evolução só se compreende na Natureza, e no
interior do Ser - quanto maior o respeito a biodiversidade, maior será a
espiritualidade, e a fraternidade de uma sociedade.
Não existe o espaço de agricultura na Natureza,
portanto qualquer ação humana no agir provoca desequilíbrios e retrocessos da
evolução. Sendo assim um indivíduo, que denominamos Bombeiro Agroecológico, é
um elemento negentrópico (consciente em sintropia) que é um elemento social,
com ferramentas democráticas, que contribuirá para o equilíbrio e maior
envolvimento organizacional do espaço rural, rompendo com toda tecnologia
crematística.
Quando se discute hoje sobre os caminhos da
sustentabilidade precisa necessariamente debater o papel dos camponeses. “A
arte da agriCultura” depende enormemente do bom-senso para avaliar os
diferentes equilíbrios” possíveis e que também depende de SUJEITOS e não de
dispositivos automatizados. O camponês/a e o agricultor/a são o mesmo sujeito,
embora cientistas contemporâneos procurem diferenciá-los. O camponês resiste.
A FAO (2014) nos traz esses dados: são 570 milhões
de estabelecimentos agropecuários no mundo todo, sendo que 500 milhões (90%)
são dirigidos ou dependem de mão-de-obra familiar em que 475 milhões detém 2
hectares de terra; nessas unidades camponesas de produz 80% dos alimentos no
mundo.
“A comunidade camponesa incorpora uma efetiva
capacidade de desenvolvimento e transformação” Mariátegui,
essenciais para a produção de alimentos saudáveis, a preservação dos recursos naturais e o continum
serviços ambientais. O Biopoder Ultrasocial Camponês precisa ter seu espaço
político-econômico necessário e respeitado para a sobrevivência da humanidade.
Questões como o problema das minorias étnicas no mundo
(indígenas, remanescente de quilombolas e camponeses migrantes) são de extrema
relevância, pois são nossas referências de agriCultura ecológica. São os
códigos de sabedoria que transcendem o tempo/espaço. As mulheres rurais e os
desafios ambientais atuais que temos daqui pela frente, são essenciais para
preservar a herança cultural, as tradições, e a vida no Planeta.
Assim, temos que pensar sobre o poder sob a
produção de conhecimento hoje no país. O imperialismo contemporâneo fundamentado na desterritorialização e destruição da vida no solo usando as
artimanhas dos mafiosos cartórios para legalizar a grilagem (são 285 milhões de
hectares no Brasil ilegais) como relação social devem ser deflagradas pela
justiça dos homens antes que a justiça da Natureza nos elimine a todos.
A posição de classe do biopoder ultrasocial
camponês, “reforça esses princípios imemoriais”, aprofundam o seu valor
cultural para a sociedade, transformando-a espiritualmente a dar forma a uma
“organização técnico-social no campo tal que eles não só podem manifestar a
excepcional força de resistência passiva que desde sempre lhes foi própria, mas
também em ter vida ativa, agilidade e, se quiserem, forças propulsoras” para
gerarem a energia vital dos alimentos, recompor a membrana Biosfera que nos
levará à luz dos horizontes da Noosfera.
A recampesinação é uma tendência no mundo não como
uma oportunidade de lucros, mas sim para regenerar uma economia familiar
(oikos) campesina local que outrora assegurava a soberania no território, e que
agora está ameaçada e em algum lugares já extinta pelo galope genocida dos
cavalos apocalípticos na ilusão do Agro é Pop riqueza do Brasil com a mentira
de remuneração em larga escala que só tem uma forma de se realizar neste
maldito capitalismo que é com extorsão sob o trabalho. No caso da agriCultura
humana que não se deve nunca ser regulada pelo mercado, economia ou
sustentabilidade, mas pelos elementos do triângulos do biopoder camponês:
território, questão agrária e modelo de agricultura adotado. A agricultura
Camponesa resiste!
Sonhamos, mas para concretizar sonhos, temos que
estar muito bem alimentados. Luta segue.
*agrônomo social, bombeiro
agroecológico pela Juquira Candiru Satyagraha
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