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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Controvérsias

"o movimento agroecológico também pode ser descrito como recampesinação" V. Toledo (2011)
27 de maio
por Oliver Blanco*

“Transição Agroecológica” é um termo criado pela comunidade científica dos Estados Unidos e Europa, financiados por banqueiros Rockefeller & corporações imperialista agroalimentares e agora pela Fundação Bill & Melinda Gates para dar o tempo necessário, para que a periferia científica da América Latina se recicle da domesticação e consumo da Agricultura Industrial (Agronecrócios) com seu pacote genocida de insumos mercadológicos.

 Transição Agroecológica não se dá no sistema produtivo, mas no tempo necessário para que um conjunto de unidades camponesas construa uma cooperativa forte, seja a montante, de produção de manufaturas camponesas - “bioinsumos” - para a reprodução do sistema produtivo e manutenção da fertilidade do solo, e a jusante (processamento e comercialização). O coletivo organizado (com disciplina e estudo) para reprodução e uso dos recursos naturais é a alternativa para a quebra do capital corporativo.

A evolução só se compreende na Natureza, e no interior do Ser - quanto maior o respeito a biodiversidade, maior será a espiritualidade, e a fraternidade de uma sociedade.

 Não existe o espaço de agricultura na Natureza, portanto qualquer ação humana no agir provoca desequilíbrios e retrocessos da evolução. Sendo assim um indivíduo, que denominamos Bombeiro Agroecológico, é um elemento negentrópico (consciente em sintropia) que é um elemento social, com ferramentas democráticas, que contribuirá para o equilíbrio e maior envolvimento organizacional do espaço rural, rompendo com toda tecnologia crematística.

 Quando se discute hoje sobre os caminhos da sustentabilidade precisa necessariamente debater o papel dos camponeses. “A arte da agriCultura” depende enormemente do bom-senso para avaliar os diferentes equilíbrios” possíveis e que também depende de SUJEITOS e não de dispositivos automatizados. O camponês/a e o agricultor/a são o mesmo sujeito, embora cientistas contemporâneos procurem diferenciá-los. O camponês resiste.

 A FAO (2014) nos traz esses dados: são 570 milhões de estabelecimentos agropecuários no mundo todo, sendo que 500 milhões (90%) são dirigidos ou dependem de mão-de-obra familiar em que 475 milhões detém 2 hectares de terra; nessas unidades camponesas de produz 80% dos alimentos no mundo.

 “A comunidade camponesa incorpora uma efetiva capacidade de desenvolvimento e transformação” Mariátegui, essenciais para a produção de alimentos saudáveis, a preservação dos recursos naturais e o continum serviços ambientais. O Biopoder Ultrasocial Camponês precisa ter seu espaço político-econômico necessário e respeitado para a sobrevivência da humanidade.

 Questões como o problema das minorias étnicas no mundo (indígenas, remanescente de quilombolas e camponeses migrantes) são de extrema relevância, pois são nossas referências de agriCultura ecológica. São os códigos de sabedoria que transcendem o tempo/espaço. As mulheres rurais e os desafios ambientais atuais que temos daqui pela frente, são essenciais para preservar a herança cultural, as tradições, e a vida no Planeta.

 Assim, temos que pensar sobre o poder sob a produção de conhecimento hoje no país. O imperialismo contemporâneo fundamentado na desterritorialização e destruição da vida no solo usando as artimanhas dos mafiosos cartórios para legalizar a grilagem (são 285 milhões de hectares no Brasil ilegais) como relação social devem ser deflagradas pela justiça dos homens antes que a justiça da Natureza nos elimine a todos.

 A posição de classe do biopoder ultrasocial camponês, “reforça esses princípios imemoriais”, aprofundam o seu valor cultural para a sociedade, transformando-a espiritualmente a dar forma a uma “organização técnico-social no campo tal que eles não só podem manifestar a excepcional força de resistência passiva que desde sempre lhes foi própria, mas também em ter vida ativa, agilidade e, se quiserem, forças propulsoras” para gerarem a energia vital dos alimentos, recompor a membrana Biosfera que nos levará à luz dos horizontes da Noosfera.

 A recampesinação é uma tendência no mundo não como uma oportunidade de lucros, mas sim para regenerar uma economia familiar (oikos) campesina local que outrora assegurava a soberania no território, e que agora está ameaçada e em algum lugares já extinta pelo galope genocida dos cavalos apocalípticos na ilusão do Agro é Pop riqueza do Brasil com a mentira de remuneração em larga escala que só tem uma forma de se realizar neste maldito capitalismo que é com extorsão sob o trabalho. No caso da agriCultura humana que não se deve nunca ser regulada pelo mercado, economia ou sustentabilidade, mas pelos elementos do triângulos do biopoder camponês: território, questão agrária e modelo de agricultura adotado. A agricultura Camponesa resiste!

Sonhamos, mas para concretizar sonhos, temos que estar muito bem alimentados. Luta segue.

*agrônomo social, bombeiro agroecológico pela Juquira Candiru Satyagraha

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