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"Harmonizo meus pensamentos para criar com a visão". "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível".

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Pronunciamento presidencial



27 de abril
Por Sebastião Pinheiro

Peço desculpas, pois gostaria de abordar outros temas diversos, e não a cansativa realidade nacional neste momento de crise pandêmica, mas é praticamente impossível, pelo tragicômico do poder executivo nacional na pessoa do nosso mandatário. Durante os últimos 16 meses o comportamento histriônico e nada formal leva a suspeitar de suas deficiências psíquicas e de seus mentores na Universidade de Harvard pelo uso de “humor de banheiro” nas coisas que diz, faz ou propõe.

A demissão do Ministro da Saúde foi vista como insensatez pela cidadania mundial, embora, apenas polarizada para cidadania (parte diminuta da população). Já a renúncia do ministro da justiça trouxe um tsunami de denúncias.

 A resposta presidencial na presença de todo o primeiro escalão do governo formado foi um deboche ao país perante o mundo. É documento didático internacional em todos os meios da sociedade desde a educação secundária até os níveis acadêmicos elevados. Nunca antes vimos tanta baixaria, incompetência, desonestidade em um pronunciamento presidencial. Não importa se ele, seguindo conselhos do professor em Harvard Olavo de Carvalho imita Trump ipsis litteris e falou para o seu eleitorado. Foi merda pura, sem pé nem cabeça, incoerente, além de confuso, contraditório e o mais grave desmentido imediatamente com documentos. Por mais idiota, uma deputada não pode oferecer um cargo a não ser como interlocutora ou ventríloquo de Bolsonaro.

 O grave é que ele falava como governo na presença de todo o primeiro escalão, que se contorcia alguns contendo o riso, outros a vergonha. No dia anterior veio a público o documento oficial de Estado sobre o “comunavirus” assinado pelo Chanceler Araújo contestado até mesmo pelo autor referenciado. Nenhum diplomata constrói aquele documento mesmo quando solicitado por seu superior, o que faz suspeitar de engendro ideológico uma das diatribes do professor Olavo de Carvalho.

O trecho que beirou a loucura delinquente é sobre seu filho que é tratado de “Zero Quatro. “Eu cheguei para ele e disse: Ô cara, abre o jogo, você saiu com a filha do vizinho. A resposta dele foi: - Pai eu saí com a metade do condomínio (centenas de economias). O trazemos à tona para o assunto que é o comportamento da elite alienada que está sobre a lei. Não é um fato isolado quando o militar Bolsonaro diz eu sou a carta magna, o latifundiário, o funcionário público, o policial, o branco, o rico e o pastor creem ser a lei e a ordem (do sabe com quem está falando). seguem essa trilha criminosa e ante cidadã.

Peço licença para demonstrar em dois exemplos: 1. Um famoso jornalista, primo do proprietário do maior jornal do estado, com renomada atuação como correspondente de guerra no Vietnã e Oriente Médio, na madrugada de 11 de abril de 1976 se assustou com um casal dentro de um automóvel próximo à sua casa de muros altos e muito bem protegida, sem risco pessoal para ele. Foi ao interior da mesma, trouxe uma espingarda de calibre 12 de cano serrado. Essa arma foi muito usada pelos comandos civis e militares de caça aos comunistas antes, durante e depois do golpe militar e ditadura. Ele atirou a queima roupa na namorada do médico, uma universitária matando-a. Pelo crime foi demitido de imediato pelo primo. O julgamento em agosto de 1979 foi um espetáculo segundo o Jornal da República pela repercussão na Sociedade local. O réu foi condenado a dez anos de prisão. Uma cela especial foi construída dentro do Presídio Central de Porto Alegre, onde ele foi alojado e pode trabalhar contratado pela rede de comunicações concorrente ao primo e do local transmitindo programas diários para a mesma. Esteve preso menos de dois anos. Gravou o espancamento de presos e transmitiu no seu programa de rádio. Foi colocado em liberdade condicional e continuou trabalhando na mesma empresa por muito tempo. As pessoas as vezes atendem a consigna de pastores, políticos ou radialistas a soldo, mas no mesmo jornal antes citado anuncia o julgamento pela Justiça Militar do jovem estudante de física da USP residente no CRUSP, Jeová Assis Gomes preso político, trocado pelo embaixador alemão sequestrado em 1970. Ele foi assassinado em 1972. Ia ser julgado sete anos depois...

Em "A Ditadura Escancarada", Elio Gaspari escreveu: “A sentença de morte contra os banidos auto documenta-se. Entre 1971 e 1973 foram capturados dez. Nenhum sobreviveu”. Gomes foi o terceiro banido a ser assassinado depois de retornar clandestinamente ao Brasil.

O segundo é mais estranho, um dos mais renomados artista plástico do RS morador na Cidade Maravilhosa, caminhando pela calçadão na praia ao ver um bate boca de um jovem casal, ele engenheiro civil Sérgio Alexandre Esteves Areal, de 32 anos, casado, pai de quatro filhos, foi assassinado com cinco tiros pelo pintor Iberê Camargo na Rua Sorocaba, próximo da esquina com Voluntários da Pátria, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Estamos em 5 de dezembro de 1980, o calor no Rio de Janeiro ultrapassa os 30º e já se veem no comércio as cores do clima natalino. Motivo do crime: um diálogo curto e nervoso entre assassino e vítima, que jamais se viram antes. Sérgio chegara a seu apartamento uma hora antes, cansado de uma viagem a trabalho, em São Paulo, na empresa Engesa, onde prestava serviços como projetista.

Ao chegar encontra um clima tenso em casa: o filho mais novo de dois anos está febril e necessita de um determinado medicamente. Ele se dispõe a comprá-lo e ao descer até a portaria estabelece uma trivial desavença doméstica com a esposa Sandra em frente ao prédio onde moram. No outro passeio, Iberê Camargo está acompanhado da secretária Suely, à procura de uma loja onde irá comprar cartões de Natal para enviar aos amigos logo após encerrar os trabalhos no ateliê, próximo dali, na Rua das Palmeiras.

Ele se detém para observar marido e mulher que se desentendem. Impaciente, o homem dá por encerrada a discussão, e começa a se afastar. Seu destino é uma farmácia onde irá comprar o remédio para o pequerrucho doente. E só então percebe o olhar curioso do estranho em sua direção. Sérgio atravessa a rua, passos nervosos, e critica a curiosidade do estranho: “O que você está olhando?” Em seguida passa por ele e dá-lhe um esbarrão, desequilibrando o pintor. Iberê, então, saca de uma bolsa tipo capanga, um revólver Magnum 357, aponta na direção do estranho e aperta o gatilho cinco vezes. Dois tiros atingem o peito, um em cada braço, e um na perna. Esta arma militar é de uso proibido para civis pelo seu “poder de parada” e destruição nos órgãos atingidos. 

Sérgio, que trajava apenas um short e sandálias havaianas, cai morto. Iberê é preso em flagrante, levado para a 12ª DP, na Rua Bambina, e alega legítima defesa. Encaminhado à prisão, no Ponto Zero, foi confortado por inúmeros amigos e admiradores de sua arte, entre eles o marechal Cordeiro de Farias, que acionou outro militar, o general Edmundo Murgel, secretário estadual de Segurança, para que o criminoso recebesse uma deferência toda especial no cárcere.

Não há registro n’ O Globo e Jornal do Brasil, que deram ampla cobertura ao crime, sobre a interferência também do general Golbery do Couto e Silva, um dos pilares mais sólidos da ditadura militar, ainda vigente, no sentido de proporcionar ao criminoso todas as regalias nos 28 dias que permaneceu preso. Mas na redação do JB, onde eu trabalhava, sabia-se que Golbery interferira no caso.

 Menos de dois meses depois do crime, em 5 de janeiro de 1981, Iberê Camargo estava em liberdade, “absolvido liminarmente”, pelo juiz Sérgio Verani, do 4º Tribunal do Júri. Na avaliação do juiz, Iberê agiu em legítima defesa e usou em sua defesa o “único meio possível e eficaz para se defender.” Estava estabelecido o recorde de andamento judicial acelerado envolvendo um crime de morte no Brasil, em todos os tempos. No dia seguinte, Iberê retornaria à sua rotina profissional e doméstica, como um cidadão que nada deve à Justiça, embora reconhecesse numa frase a sua indecisão quanto ao futuro: “Não sei o que vou fazer da vida.” Mas ele soube, sim: continuou a expressar magnificamente em seus valiosíssimos quadros imagens que refletiam sua visão do mundo sombrio que o cercava e atormentava” … registros de Ivanir Yazbeck, no Observatório da Imprensa.

***

- Associação judaica dos EUA exige que Araújo se desculpe por comparar isolamento social a campos de concentração nazistas

"Meu estimado Nelson Rodrigues, desculpe, mas mesmo de longe esse diplomata não é certo nem saudável."

https://oglobo.globo.com/mundo/associacao-judaica-dos-eua-exige-que-araujo-se-desculpe-por-comparar-isolamento-social-campos-de-concentracao-nazistas-24400266

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