mas apenas o que nos querem mostrar...
28 de abril
Por Sebastião Pinheiro
Por Sebastião Pinheiro
Na primeira plana do New Yorker Times de
hoje está a foto de um convalescente em Porto Alegre, Brasil, mas a restauração
da saúde nacional inicia com o aceite pelo ministro Celso de Mello,
decano no STF, talvez seu “canto de cisne jurídico”, enquanto a deputada
“interlocutora palaciana” acusa o ex-juiz, seu padrinho de boda, embora
corre o risco de ser enquadrada em falta de decoro, por sua proposta exposta,
já que ninguém está acima da lei, nem o presidente da república.
Vendo essa situação lembrei do amigo de
aula no terceiro ano do secundário, o Vanderlei, que batia um bolão no futebol,
e depois foi levado para o Fluminense, a redenção de um favelado. Através dele,
digo de X é que conheci coisas que a escola não ensina e permite entender a
situação presidencial através do Vanderlei.
Em uma tarde, minha tia avisou: - Olha o Vanderlei e a X (o nome respeitado)
acompanhados de seus pais, indo para a delegacia. Não era preciso explicar, era
um casamento na delegacia entre dois menores de idade nos idos de 1963 no
município de São Gonçalo. Algo corriqueiro na favela, a tia matreira sorriu
e completou: Ao menos há duas razões além da carne: A cama e futebol, dando a
entender algo que eu não via e fiquei sem entender, voltou à tona na
interferência da “deputada agente”, pois “nem tudo que você vê é real
e verdadeiro”.
O poder é algo muito perigoso. É a
terceira vez que lembro disso, pois a segunda vez foi quando li Manuel
Antônio de Almeida em seu livro de 1852: “Memórias de um Sargento de
Milícias”, em um Brasil em processo de emancipação de Portugal. O livro
agitou a capital, agora esperemos que o relatório do ministro nos retorne ao
berço esplêndido daquela época, quando a malandragem era uma adaptação culta à
falta de Estado com seus aparelhos e infraestruturas, por exemplo, escolas
públicas e vida republicana com suas oportunidades para todos.
A renúncia do Jânio Quadros foi
inesperada, mas a foto mostra uma razão externa forte.
No impeachment do Collor a crise era mais impactante, jovem, da Globo, da elite
nordestina. Poucos lembram que George Bush (pai), o apelidou de “Indiana
Jones”, foto.
Hoje, a crise maior é a pandemia, que é
mais estrela, mesmo quando Trump e seu coroinha teimaram em não a respeitar e
as mortes estão programadas para ser superior a milhões de mortos.
Tanto na poderosa Alemanha, quanto na endividada Argentina as medidas
antecipadas mostram seus resultados benéficos, àqueles políticos vaidosos, ao
mesmo tempo em que, a quarentena cria um fator de complexidade, pois nem os
telefones e as redes não substituem as conversas pessoais, que vão muito além
da polarização induzida e manipuladas. Isto obriga uma maior reflexão, que
exige mais leitura, estudo e a superficialidade preguiçosa.
São duas ações no STF que ficam
reforçadas, mais o libelo do ministro Celso de Mello na presente denúncia pode
significar a reescritura daquele romance citado, com a promoção do personagem
com duas possibilidades, igual a X, do Vanderlei.
Se você não leu o livro, aproveite a
quarentena, pois o livro tem algo do Lazarillo de Thormes da literatura árabe
na Andaluzia, embora já na fase adulta, e no Rio de Janeiro de hoje sem o
romantismo da malandragem sadia e 30 tiroteios diários, cujas comunidades
faveladas geram um PIB maior que o da Bolívia e Paraguai juntos.
A crueldade da “economia e poder paralelo”
dentro de um condomínio, onde mora o presidente e o 04 é muito estranho, tem um
sargento da PM carioca que tem a filha morando nos EUA paga o aluguel na Av.
Lucio Costa no Condomínio Vivendas, que equivale a um ano de soldo. A foto
explicita... Como conseguir isso?
Através de crime, contravenção. Muitos ali na mesma situação têm ainda Camaro
Chevrolet, e até, Mac Laren.
Collor foi julgado e destituído por um
Fiat Elba, e devemos ter orgulho disso. Agora há as duas investigações e as
denúncias do ex-ministro da justiça, agravado pelo parecer do MPF no RJ sobre a
ingerência do presidente sobre o controle de armas e munições à cargo das
forças armadas, que é mais grave, pelo vídeo postado no Youtube por milicianos
gritando o nome e apelido do presidente durante seis minutos de um tiroteio com
armas ponto 40. Tudo isso acontecendo diante dos desmazelos na pandemia do
Corona vírus que cobra a fatura em Manaus e Fortaleza.
Mas o pior, na minha modesta opinião é a
presidência ser transformada em covil de poder paralelo de familiares
transformando o mandatário em charlatão através da televisão dosando a
quantidade de cloroquina, pior que o seu mentor, que recomendou injeções de
desinfetantes nos EUA com uma centena de intoxicados, mas eu já estou escolado,
nem tudo que se vê é o real, mas apenas o que nos querem mostrar.
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